Engenho retoma produção após duas décadas fechado
Estrutura foi montada pelos primeiros moradores do local, em 1933
Foto: Arquivo pessoal
Luan Moura
03/08/21 17:00

São onze quilômetros que separam a sede do município de Farias Brito do sítio Taquari, onde está situado o Engenho dos Gonçalves. Fechado há pelo menos 20 anos, o equipamento retomou as atividades recentemente e tem recebido visitantes para observar o processo de moagem. A estrutura foi montada pelos primeiros moradores que habitaram a região Taquari, no ano de 1933, e em 1934 ocorreu a primeira moagem de cana. Desde então, o engenho se tornou símbolo histórico da cultura local, mesmo passando por algumas transformações.

O senhor Antônio Gonçalves de Alencar, de 81 anos, que hoje administra o engenho com a ajuda dos filhos, conta que é uma tradição que teve início com seu pai, Cícero Gonçalves de Alencar. Primitivamente, chamou-se “engenho de pau”, quando a estrutura funcionava dentro da plantação de cana de açúcar. Depois, passou a funcionar a “ferro e tocado a boi” e a motor eólico. Hoje, a atividade é realizada com energia e se tornou a principal fonte de renda da comunidade, que emprega pelo menos 14 pessoas diariamente para manuseio de equipamentos e a produção. De acordo com Gonçalves, o processo começa com a plantação. “Aí ela nasce e a pessoa vai regando, quando for na importância de dez meses, ela já dá pra moer, mas o comum mesmo é de ano em ano a moagem”, explica.

Após o corte da cana e a moagem, o líquido passa por cinco caldeiras, que é um grande recipiente para armazenar o caldo em alta temperatura. Quando o caldo engrossa e vira mel, por exemplo, é colocado numa forma para fazer a rapadura. Hoje, no engenho, são produzidos caldo de cana, mel, alfininho, rapadura, cocada e batida. Segundo seu Gonçalves, o engenho estava parado há pelo menos 20 anos. Com a produção retomada, a família pretende continuar a atividade e já tem ideias para como fará isto. “Aumentar o plantio, continuar as moagens e vamos trabalhar esse rojão”, disse.

A forte tradição do Engenho dos Gonçalves despertou o interesse do professor Cícero Menezes, que desenvolveu o projeto “Histórias de Quixará”, onde faz um resgate histórico de personalidades e monumentos que fazem parte de Farias Brito. “O resgate da tradição do engenho é de suma importância para a valorização da nossa história e da memória local, haja vista que o patriarca da família já desenvolvia essa atividade. É louvável que seus descendentes tenham essa iniciativa, de dar continuidade a esse processo tão importante, para que os mais jovens possam compreender o significado dessa prática para o desenvolvimento do Município em tempos passados e a memória histórica que representa hoje para a posteridade”, diz.

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