Atualmente, 1169 pessoas que vivem com HIV realizam tratamento em Juazeiro do Norte, sendo 901 moradores do município e o restante de locais como Granjeiro, Missão Velha, Jardim, Caririaçu e Barbalha. Em Crato, 341 pacientes são acompanhados desde o ano de 2011, dos quais 55 pacientes foram diagnosticados no ano de 2025. Na região, assim como por todo o Brasil, a mobilização na luta contra o vírus HIV, a AIDS e outras Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST) ganha força com a campanha Dezembro Vermelho, realizada até o final deste mês.

Karla Lorena Oliveira, coordenadora do Centro de Infectologia de Juazeiro do Norte, acredita que a análise dos registros epidemiológicos de HIV no município de Juazeiro evidencia um cenário de crescimento contínuo no número de novos casos, mesmo diante da existência de políticas públicas consolidadas e da ampla oferta de métodos de prevenção. “Esse aumento reforça a complexidade da dinâmica de transmissão do HIV na região e aponta para desafios que persistem no campo da prevenção, diagnóstico e acompanhamento”, enfatiza.

Nos municípios, as secretarias de Saúde oferecem testagem rápida, distribuição de preservativos, oferta de Profilaxia Pré e Pós-Exposição (PrEP e PEP) e tratamento antirretroviral. “Mesmo assim, a subnotificação é um dos maiores desafios da vigilância epidemiológica, porque reduz o número de casos reais, distorcendo a realidade epidemiológica e comprometendo seriamente a capacidade do sistema de saúde de planejar, intervir, prevenir e tratar HIV/Aids e outras ISTs”, destaca Karla Lorena, que cita a importância dessas campanhas para incentivar a prevenção, a superação do estigma e a busca por testagem e tratamento.

Patrícia Mendes, coordenadora do Centro de Infectologia do Crato, reforça que, a adesão ao tratamento do HIV é essencial para garantir saúde, qualidade de vida e segurança, tanto para a pessoa vivendo com o vírus quanto para seus parceiros. “Os medicamentos antirretrovirais agem impedindo que o HIV se multiplique no organismo. Quando tomados corretamente, todos os dias e nos horários indicados, eles reduzem a carga viral até níveis tão baixos que se torna indetectável”, lembra.

Desta forma, ela menciona que a carga viral indetectável traz dois grandes benefícios: o vírus não consegue enfraquecer o sistema imunológico, prevenindo o desenvolvimento da AIDS e garantindo que o indivíduo possa levar uma vida saudável e ativa; o segundo é que, com a carga viral indetectável, a pessoa não transmite o HIV por via sexual, conceito conhecido como Indetectável = Intransmissível (I = I).

“Além disso, a boa adesão evita que o vírus desenvolva resistência aos medicamentos, garantindo que o tratamento continue eficaz. Interrupções ou uso irregular dos remédios podem comprometer os resultados e dificultar as opções terapêuticas no futuro. Por isso, seguir o tratamento corretamente é fundamental: protege a saúde, impede a evolução para a AIDS, previne a transmissão e contribui para uma vida plena e com mais segurança”, conclui.