Jornal do Cariri
Crise sem fim
Madson Vagner
23/03/21 0:00

A administração Deda Pereira, em Farias Brito, continua mergulhada em crise. Agora, a gestão está sendo acusada de massacre contra a educação. Na campanha, Deda prometia uma super valorização à categoria, dobrando salários e melhorando o plano de cargos e carreira. Claro, isso na teoria. Na prática, a situação é bem diferente. No dia 16, Deda assinou projeto de Lei que revoga artigos da Lei Orgânica sobre o plano de cargos e carreiras. Com a mudança, coordenadores e diretores de escolas não precisam mais fazer parte do quadro efetivo nas chamadas funções gratificadas. A ideia é fazer a indicação de qualquer um, seguindo apenas critérios estabelecidos pela gestão de plantão. A reação da classe foi imediata, que não descarta uma greve. O procurador Jerônimo Oliveira defendeu o projeto como sendo uma correção de legislações passadas. Nas redes sociais aparece a  avaliação: temporário também tem qualificação. Para a oposição, na prática, é a farra dos apadrinhados.

Indício de corrupção

Mesmo antes de finalizar a crise aberta com os professores, o prefeito de Farias Brito, Deda Pereira, mergulha em outra ainda mais grave. Essa tem todos os mecanismos para ser avaliada como indício de corrupção. O pedido de exoneração do secretário de Transporte da gestão, Osmanio Pereira, poderia até ser avaliado como um simples afastamento para se dedicar as atividades empresariais, como, aliás, ele justificou. Mas, uma denúncia de que Osmanio teria caminhões e caçambas locadas à Prefeitura e estaria se preparando para se tornar o maior fornecedor da gestão Deda, coloca o grupo sob a mira do Ministério Público. O esquema pode envolver laranjas e já está sendo denunciado. Uma licitação, possivelmente vencida pelo grupo, está sendo tratada como “máfia do gás”. Agora, a Justiça deve investigar a participação do prefeito Deda no possível esquema.

A primeira crise

O prefeito de Potengi, Edson Veriato, enfrenta sua primeira crise. Nesse caso, muito grave porque foi detonada pelo próprio procurador-geral do Município, Regnoberto Costa. O procurador detonou a gestão ao denunciar publicamente o prefeito por peculato. O áudio, que vazou de um grupo de Whatsapp, colocou em xeque a credibilidade do prefeito eleito sobre a bandeira do politicamente correto. Regnoberto acusa Edson de conceder, de forma consciente, gratificação ilícita a uma servidora e retirar outra gratificação de um servidor, com direito garantido. A servidora, remunerada com um salário mínimo, acabou recendo quase R$ 5 mil, mais que um secretário da gestão. “Ele já cometeu e fez isso porque quis. Ele não venha dar uma de menino. Uma de inocente não, que ele sabe”, diz o procurador. O prefeito não respondeu e o procurador continua no cargo.

Colapso do sistema

O município de Brejo Santo, no Cariri Leste, carrega a chaga de ser o pior da região, quando o assunto é o combate à covid-19. Apesar de desfrutar de uma das melhores estruturas hospitalares da região, faltou testagem, fiscalização e ações eficazes das equipes de saúde. De quem é a culpa? É difícil esclarecer! Mas, na cidade é fácil ouvir relatos lembrando a gestão da ex-prefeita Tereza Landim, que sequer foi candidata à reeleição. Tereza é acusada pela própria base de abandonar a gestão e de deixar uma dívida astronômica para a prefeita Gislaine Landim, que estaria sem poder fazer investimentos para segurar os casos. A avaliação é que a política irresponsável da ex-prefeita é que levou o Município a mais de 50 mortes por covid, 17 somente em março, até o dia 16. Em Brejo Santo, 100% dos leitos de UTI e enfermarias estão ocupados.

Exagerou na dose

Sem uma política bem definida sobre o combate à pandemia da covd-19, o prefeito de Mauriti, Isaac Júnior, parece ter exagerado em uma de suas ações, vale salientar, descoordenadas. A gestão chocou a população na última semana, ao derramar carradas de barro e arreia em praças, simulando túmulos identificados com cruzes. Faixas pretas com a frase “Covid mata, fique em casa” completavam o circo de horrores, muito criticado pela população. Nas redes sociais, a avaliação é que a cena extrema pode “agravar o estado psicológico de pessoas que já sofreram ou sofrem com os transtornos de ansiedade e depressão”. No dia 17, pressionado pelas críticas, o prefeito mandou retirar o cenário. Reconheceu que exagerou na medida, mas disse ter conseguido atingir o objetivo e ter passado o recado. Ficou o desgaste!

Perto do fim

A decisão do Congresso Nacional, dia 17, que derrubou o veto do presidente Jair Bolsonaro, sobre o dispositivo que autorizava a distribuição dos recursos oriundos do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de Valorização do Magistério, antigo Fundef, parece ser o primeiro passo na luta pelo rateio de 60% aos professores. A decisão teve imensa repercussão em Altaneira, onde o prefeito Dariomar Rodrigues insiste em não repassar os valores. Dariomar se apega a uma orientação da Justiça, sobre a falta de clareza para a decisão. Com o posicionamento do Congresso, o próximo passo é a Justiça reconhecer o direito dos professores. Apesar da alegria e sensação de vitória, agora os profissionais do magistério de Altaneira têm uma dúvida: depois de tanto tempo, será que os recursos ainda estão nos cofres da Prefeitura?

Enquanto isso...

... Ainda em Altaneira, o prefeito Dariomar Rodrigues tem motivos para comemorar. O juiz eleitoral Herick Bezerra Tavares acatou parecer do Ministério Público Eleitoral e julgou improcedente uma ação de investigação eleitoral contra Dariomar. O processo denunciou a nomeação de servidores sem concurso em ano eleitoral e foi arquivado.

... Na audiência de instrução, o promotor eleitoral alegou ausência de provas sobre os fatos apontados na peça jurídica. A alegação foi seguida pelo juiz, que anotou: “não ter havido comprovação por meio documental”. As mais de 500 nomeações de servidores, supostamente com objetivo eleitoral, foram consideradas normais. A oposição continua descordando.

... Em Farias Brito, o prefeito Deda Pereira coloca sua base na Câmara numa tremenda saia justa. Com o projeto, que muda o plano de cargos e carreira, Dede testa a fidelidade do presidente da Casa, o “professor” Flávio Jorge, e os dois vereadores do PT. Flávio vai bater de frente com sua categoria e os petistas já tencionaram internamente o governo por cargos.

... Na cidade a pergunta é se Flávio e os petistas Edson Ferreira e Everton Calixto ficarão a favor do projeto, imensamente, rejeitado pelos professores do município. Apesar da pressão popular, a base do prefeito Deda está firme na decisão de aprovar o projeto. O caso deve ir parar na justiça; a oposição promete judicializar a discussão.

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