Jornal do Cariri
Conta de luz alta impacta despesas de empreendedores
Bandeira da escassez hídrica acrescenta R$ 14,20 para cada 100 kWh consumido
Foto: Divulgação
Robson Roque
21/09/21 8:00

A conta de energia vai ficar mais cara devido à crise hídrica que se instala no Brasil. A situação de seca, com escassez de chuvas, ocasiona baixa nos reservatórios que, segundo o Governo Federal, operam no limite. Em 31 de agosto, o ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, fez um pronunciamento em cadeia nacional de rádio e televisão recomendando que os brasileiros economizem no consumo de energia para que não haja racionamento e apagões, como ocorreu há 20 anos. O contexto tem impactado diretamente empreendedores caririenses, que adotam alternativas para não perder clientes e não extrapolar o consumo de energia.

“Esta perda de geração hidrelétrica equivale a todo o consumo de energia de uma grande cidade como, por exemplo, o Rio de Janeiro, por cerca de cinco meses. Para enfrentarmos essa situação excepcional e garantirmos o fornecimento de energia, estamos utilizando todos os recursos disponíveis e tomando medidas extraordinárias”, comentou o ministro. Os custos da crise energética serão repassados diretamente para os consumidores brasileiros. O Governo Federal anunciou, este mês, uma nova bandeira tarifária para a conta de energia. Chamada de Bandeira da escassez hídrica, ela vai acrescentar R$ 14,20 para cada 100 kWh consumidos. Na prática, bastaria uma semana para atingir esta projeção de consumo em uma casa com cinco pessoas e estes aparelhos ligados diariamente: ar condicionado usado por oito horas, chuveiro elétrico por uma hora, e ferro de passar durante 30 minutos.

A cabeleireira e maquiadora Francilda Sousa, que atua em Crato, é uma das profissionais que adotaram medidas na tentativa de evitar os valores exorbitantes na próxima fatura. “O impacto é grande. Como  o número de clientes ainda é pouco, devido à pandemia, desligo o máximo de equipamentos possíveis, apesar de não poder evitar de usar o secador, que é um vilão no consumo de energia. Estou desligando o gelágua à noite e evito usar o motor dos pés e luzes acesas sem necessidade”, conta a profissional.

A situação causa preocupação para outros empreendedores além da cratense Francilda. Poucos meses antes da pandemia, Lucas José abriu um mercadinho de bairro que funciona 24h em Juazeiro do Norte. Luzes, sistema de segurança e refrigeradores passam o dia todo ligados. “Eu já imaginava que iria gastar uma boa quantia com energia, mas não esperava que fosse tanto. E não tenho alternativa, porque o refrigerador precisa ficar ligado ou então os produtos vão se perder. Mas eu já tive que diminuir uma geladeira e, por isso, deixei de vender alguns produtos. Não tenho o que fazer. É o jeito, ou vou terminar o mês sem nenhum lucro”, conta. Os aumentos na conta de luz foram “um balde de água fria” para a confeiteira Ana Luiza, de Crato. Ela conta que a quantidade de encomendas aumentou com a redução dos indicadores da pandemia, desde junho. “Mas não sei como vai ser agora, porque, quanto mais pedidos, mais eu uso a batedeira e outros equipamentos. Não sei se vai compensar, porque já tiveram dias de ela ficar ligada praticamente o tempo todo. O que também acho ruim é que eu não tenho outra saída que não seja repassar para os clientes. E eu já noto que muitos clientes fixos, que pediam dois ou três bolos por mês, estão pedindo só um, porque os bolos ficaram um pouco mais caros”, diz.

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