Comunidade artística cobra reativação de teatros
Movimento questiona inutilização de equipamentos culturais
Foto: Hélio Filho
Joaquim Júnior
05/04/22 11:00

A comunidade artística do Cariri, e de todo Ceará, aderiu ao movimento “Cadê o teatro que tava aqui?”, que questiona o porquê de equipamentos, instalados em várias cidades, estarem com as portas fechadas. A iniciativa surgiu como um protesto do Fórum Cearense de Teatro, movimento organizado dos trabalhadores de teatro do estado do Ceará, que possui representações em todos os municípios.

Edceu Barbosa, ator que integra a Casa Ninho, explica que os artistas identificaram teatros que estão inoperantes, seja recentemente ou desde antes da pandemia. Em Crato, por exemplo, ele cita a identificação de espaços como o Teatro Municipal Salviano Arraes Saraiva, fechado há décadas. “Houve uma tentativa de reforma, mas ela não vingou”, conta. O Teatro Raquel de Queiroz, adquirido pelo Governo do Estado há cerca de dois anos, também está inoperante. “Ainda não nos foi apresentado um plano de gestão e uma reforma para que o teatro volte a funcionar”.

O ator conta que o movimento ecoou nas redes sociais e que o Fórum segue nas tentativas de dialogar com gestões públicas, municipais e estadual, para solucionar a falta de ações no campo das políticas públicas para as artes. Edceu destaca haver precariedade de cachês e de programações e que, hoje, apesar do movimento de reabertura dos serviços após as paralisações, ainda usam a pandemia como “desculpa” para limitações nas gestões.

Lucivania Lima, integrante do Coletivo Atuantes em Cena, que atua como produtora, encenadora e atriz, conta que o movimento “Cadê o teatro que tava aqui?” faz alusão ao Dia Mundial do Teatro, comemorado em 27 de março. “A ideia era a classe artística se organizar para fazer um levantamento, bem como publicizar imagens dos espaços teatrais existentes no nosso estado, com pouca ou nenhuma operância”, comenta, ao dizer que o ato objetivava lembrar que um lugar é menos vivo sem a diversidade de poéticas e práticas teatrais.

Além do Teatro Municipal Marquise Branca, em Juazeiro do Norte, não estar sendo utilizado da forma como deveria, Lucivania destaca a problemática da mudança do Centro Cultural do Banco do Nordeste da cidade. Ela menciona, ainda, o Cine Teatro Neroly Filgueiras, em Barbalha, além de espaços que poderiam ser utilizados com programações artísticas, como os Centros Educacionais Unificados (CEUs), o auditório do Memorial Padre Cícero e espaços em outros municípios da região.

De acordo com o secretário de Cultura do Crato, Amadeu de Freitas, por não atender aos requisitos técnicos de segurança, o Teatro Municipal do Crato Salviano Arraes Saraiva foi fechado em 2014. Em 2018, o Prefeito Zé Ailton determinou a elaboração de projeto para resolver problemas estruturais, com recursos provenientes de Emenda Parlamentar, no valor de R$ 250 mil. O projeto foi licitado, porém não apareceram empresas interessadas. Nesse momento, o projeto passa por reformulação para publicação de novo edital de licitação. Diante do surgimento de novos problemas, a Secretaria de Cultura observou a necessidade de outro projeto para concluir a reforma do prédio. A gestão municipal estima que este ano será iniciada a reforma e adquiridos os equipamentos para reabrir o teatro até o próximo ano.

O secretário de Cultura e Turismo de Barbalha, Isaac Luna, conta que as atividades foram restritas durante a pandemia. No decorrer da liberação das atividades através dos decretos, o uso foi retomado tanto no Cine Teatro Neroly como no teatro do parque. Como exemplo, ele cita terem cedido o espaço do primeiro espaço para o Festival Louco em Cena, assim como parcerias com as escolas para utilização dos equipamentos como formação na área das artes cênicas. Além disso, há diálogo com o Theatro José de Alencar para que, além de espetáculos, sejam importadas atividades normativas para os teatros. Parcerias com grupos locais também estão sendo estudadas.

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