Censo revela 23 etnias e cinco línguas indígenas no Cariri
População indígena do Cariri cresce 11% segundo o Censo 2022
Foto: Thiara Montefusco
Robson Roque
17/11/25 16:21

Dados do Censo 2022, recentemente divulgados pelo IBGE, revelam a existência de quase 3,5 mil indígenas na região do Cariri. A população indígena local cresceu 11%, passando de 2.909 para 3.234 pessoas, desde o último levantamento, realizado em 2010. O Censo também identificou a presença de 23 etnias e cinco línguas indígenas faladas na região, ampliando o entendimento sobre a diversidade populacional caririense.

Crato e Juazeiro do Norte concentram as maiores populações indígenas, com 353 e 351 pessoas, respectivamente. Em contraste, municípios como Altaneira, Granjeiro, Jati e Potengi registram apenas um indígena cada. Algumas cidades apresentaram redução expressiva entre os dois recenseamentos, como Caririaçu, que caiu de 102 para 22 pessoas, e Mauriti, de 50 para 10.

Em todo o Ceará, foram identificadas 140 etnias, povos ou grupos indígenas residentes - número significativamente superior às 93 etnias registradas em 2010. A etnia Tapeba permanece como a maior do estado, com 11.189 pessoas, seguida pelos Tremembé (6.350) e Pitaguari (6.247). Ao todo, 51 línguas indígenas foram registradas como faladas ou utilizadas no estado.

Para Joedson Kariri, liderança indígena que atua na região, o crescimento da população indígena entre os dois censos é resultado da organização comunitária e da mobilização política “para fortalecer cada vez mais o autorreconhecimento”. As ações são feitas para fomentar a identidade e o pertencimento indígena na região. “Gostamos de dizer que cultura é algo que se cultiva. Se a gente deixa de cultivar, a gente fragiliza as nossas tradições, cosmovisões e modos de vida. É preciso cultivar a nossa maneira de viver, de se relacionar com a natureza e com o mundo”, diz Joedson.

Ele ressalta, no entanto, que a existência é marcada por “comunidades desassistidas e violentadas, que estão no território, mas não têm soberania territorial”. Além disso, outros direitos, como a educação, não dialogam com as culturas indígenas. “De maneira geral, estamos envolvidos nessa sociedade, pessoas da sociedade têm conhecimento mais ou menos dessa existência, só que a presença indígena é deslegitimada ou tida como algo irrelevante”, conclui.

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