Caririense usa celular para registrar o cotidiano da comunidade
Projeto teve início há cerca de oito meses
Foto: Reprodução
Luan Moura
18/05/21 17:00

Alegria de crianças que brincam no terreiro sob o sol escaldante do sertão, uma panela cozinhando milho em um fogão a lenha ou uma mulher que caminha pela estrada carroçal com o balde de água na cabeça. Essa estética do cotidiano é o foco das fotografias do professor João Leandro, de 34 anos, que há cerca de oito meses idealizou um projeto de fotografia intitulado “Lentes do Sertão”. Com o olhar sensível, um aparelho celular na mão e uma ideia na cabeça, Leandro captura o dia a dia da comunidade de Itaguá, que tem aproximadamente 500 habitantes e fica a 16 quilômetros de distância de Campos Sales. O entardecer no sertão, o candeeiro, o fogo à lenha, o mandacaru e os personagens do distrito onde mora são figurinhas carimbadas em seus registros, que enchem os olhos de quem vê.

O “Lentes do Sertão”, que dá nome ao perfil do projeto no instagram, surgiu da paixão do professor pela originalidade e autenticidade da região. Leandro conta que começou a registrar em celulares de outras pessoas. “Cada vez que eu pegava o celular de uma pessoa, via um detalhe diferente. As pessoas pediam para que eu investisse, mas eu ainda sem condições para uma câmera profissional”, conta. A falta de um aparelho profissional não fez o apaixonado por fotografia desistir de sensibilizar as pessoas sobre a importância de valorizar a cultura e a história de cada um, que segundo ele, é o principal intuito da iniciativa. “O objetivo é justamente para que as pessoas vejam que o nosso sertão é rico em cultura e precisa ser visto e valorizado a todo instante; que a nossa história só morre quando o povo esquece do lugar. Então, através das Lentes do Sertão, eu busco, na verdade, fazer as pessoas olharem para o lado, para que vejam que o lugar tem importância”, destaca.

A comunidade é uma das mais antigas da cidade e tem aproximadamente 500 habitantes. Ao observar a recepção da comunidade para as fotografias, Leandro percebe que a percepção dos moradores sobre a própria comunidade, que antes não existia, está sendo reavivada. “Por isso, eu ainda busco retratar a alegria da criança que ainda brinca no terreiro e a alegria do agricultor que sai para a roça trabalhar, acreditando que a chuva possa vir e agraciar o seu campo. Esses registros mostram a essência sertaneja e a importância de cada ser que a gente encontra na estrada”, relata. O trabalho foi tão bem aceito que já tem educadora utilizando as fotografias de João nas aulas artes, na escola estadual do Município.

Um de seus projetos futuros é realizar uma exposição fotográfica dos seus trabalhos e escrever um livro sobre o distrito. “Já está sendo planejado tudo com relação à exposição. Inclusive, já ganhei um espaço de uma galeria para expor as fotos. Porém, a gente tem que esperar o andamento da vacina, para ver a possibilidade e a data”, completa. Atualmente, Leandro está se formando em Educação Física, mas já trabalha com dança, teatro e produção cultural. João também escreve poesia e está trabalhando em um espetáculo teatral chamado “Olha o fuxico”, que também usa ícones da comunidade onde vive. 

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