Cariri se une ao movimento nacional e cobra ações contra o feminicídio
Cariri registrou mais da metade dos feminicídios do Ceará
Foto: Bento Caetano
Natália Alves
07/12/25 16:41

Em ato contra o feminicídio neste domingo (7), mulheres de todo o Brasil se reuniram para lutar contra o fim da violência de gênero. A manifestação integra o movimento nacional Levante Mulheres Vivas, convocado para denunciar o crescimento dos casos de feminicídio no Brasil e exigir políticas públicas eficazes de proteção às mulheres. No Cariri, pessoas lotaram as ruas com cartazes e palavras de ordem contra o problema enfrentado na região: em dez anos, mais de 70 mulheres foram assassinadas em razão do feminicídio, com quatro mortes apenas entre os dias 20 e 23 de junho.

A concentração começou às 8h, no Mercado do Pirajá, e reuniu coletivos feministas, movimentos sociais, familiares de vítimas e moradores, que vestiram preto como símbolo de luto e protesto. “A gente está falando de um crime estrutural. Isso significa dizer que você não pode atuar só em uma frente, é um crime complexo”, pontua a ativista e pesquisadora, Macedônia Felix.

No Ceará, mais de 40 casos de feminicídio aconteceram até dezembro de 2025. O número já é o maior registrado em qualquer ano desde o início da tipificação, em 2018.

Em junho, os crimes de feminicídio aconteceram nas cidades de Juazeiro do Norte, Barbalha e Várzea Alegre, com mulheres entre 23 e 38 anos. A estudante Nayane Oliveira, participante da manifestação, expressou sua tristeza sobre a realidade da região. “É muito difícil ler notícias sobre assassinatos de mulheres todos os dias, a gente precisa ocupar espaços para debater sobre o quanto estamos desprotegidas”, comentou.

O significado da mobilização nacional

O ato no Cariri integra uma mobilização maior: mulheres e aliados em dezenas de cidades pelo país tomaram as ruas neste domingo, para denunciar o feminicídio e a violência de gênero. O Brasil registrou mais de mil casos de feminicídio em 2025, com 26 mortes apenas no Distrito Federal. Na região do Cariri, 24 feminicídios foram registrados em 2024, somando mais da metade dos casos ocorridos no Ceará.

Desde março de 2023, a portaria de Instrução Normativa Nº0644/2023-GS, publicada pela SSPDS, estabelece que todos os Crimes Violentos Letais Intencionais (CVLI) contra mulheres e membros da população LGBTQIA+ devem ser primariamente tratados como “resultantes de ações de ódio, intolerância sexual ou decorrentes do machismo estrutural”.

Em mais um ano de luta, coletivos feministas e movimentos sociais organizaram, de maneira simultânea, atos em dezenas de cidades grandes e pequenas. A coordenação nacional buscou mostrar que o feminicídio não é um problema isolado, restrito a grandes centros urbanos: ele atravessa territórios inteiros e atinge mulheres em todas as classes sociais, idades e perfis.

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