Cariri é inspiração para projeto de formação teatral
Aulas serão ministradas no formato virtual
Foto: Elizieldon Dantas
Joaquim Júnior
03/03/22 15:00

A Casa Ninho inicia, nesta semana, a segunda turma da Escola Carpintaria da Cena – Formação Livre em Teatro e Tradição. Durante sete meses, os 25 participantes selecionados percorrerão 14 módulos que serão ministrados por mestres e mestras da Cultura caririense e por profissionais da cena teatral. Para o projeto, estão confirmados nomes como Ana Cristina Colla, Cecilia Lauritzen, Tomaz Aquino, Mestra Zulene, Mestre Aldenir e Mestra Naninha, entre outros. Devido à pandemia de covid-19, o modo remoto foi o escolhido para garantir a segurança de todos os participantes.

O projeto nasceu ainda em 2014, quando os integrantes da Casa Ninho participaram do Laboratório de Pesquisa e Criação em Teatro do Porto Iracema das Artes, em Fortaleza. Lá, teve início uma pesquisa que se aprofundou na relação poético, estética e de inspiração com a tradição popular do Cariri. Cada atriz e ator permeou em busca de vivenciar e conviver com o cotidiano daqueles que mantêm vivo o legado de manifestações como lapinha, maneiro pau, dança do coco, risado etc. A experiência, além de resultar no espetáculo “Poeira”, serviu para repensar as matrizes de trabalho, que têm forte influência da Europa. “E aí a gente começou a construir esse pertencimento à cultura e à ancestralidade do Cariri e tomar esses referenciais da tradição popular, de todas as brincadeiras e manifestações que aqui existem como inspiração e como um caminho pra pensar o nosso trabalho como atriz e ator desde o corpo, a voz, a presença e as visualidades todas que o teatro tem”, conta Edceu, produtor integrante da Casa Ninho.

Desta forma, a primeira turma foi formada e, no ano de 2018, tiveram início os módulos da Escola Carpintaria em Cena. Como explica Edceu, a escola “é uma formação livre enquanto conceito pedagógico, no sentido de que a formação parte muito do lugar de autonomia e descoberta dos participantes. Ela é livre no sentido de que a gente não toma os aspectos formais da educação formal. A gente vai mais por um caminho de romper, inclusive com essas normas, com essas normativas do campo da educação formal”. O desafio do projeto foi encarado pela Casa Ninho, que considerou o processo como de descoberta. “Foi muito bonito por conta dessa relação que foi se dando de descoberta, desses referenciais e dessa identidade cultural Cariri. De começar a bagunçar, de certa forma, essa ideia desse teatro que vem muito de fora e começar a ver que a tradição popular nos inspira e é referência para o que a gente faz dentro do campo das artes da cena contemporânea do Cariri”, cita Edceu.

Com a segunda turma, um novo desafio se constrói: devido à pandemia de covid-19, não será possível que as aulas aconteçam de forma presencial. A presença física, considerada fundamental para a formação, é reinventada. Até o sentido prático da pedagogia da Escola foi reorganizado para que os 25 participantes, além dos Mestres, Mestras, profissionais das artes e integrantes da Casa dessem prosseguimento ao projeto em segurança. O meio remoto, através das telas de computadores, tablets e smartphones, foi o escolhido.

Como aponta Edceu, que atua na produção artística tanto como produtor cultural como gestor cultural e artista da cena, as oportunidades de formação técnica de cursos livres ainda são muito limitados. “Acredito, inclusive, que as instituições que trabalham com arte e cultura na região não já foram mais ativas nesse aspecto, mas vem ocorrendo uma diminuição dessas ofertas”, pontua, ao citar que a procura é gigantesca. Na região, apenas a Universidade Regional do Cariri (Urca) oferece o curso de Licenciatura em Teatro. “Mas existe um público que não quer fazer faculdade de teatro e quer mesmo iniciar na linguagem ou fazer curso técnico, ir se aperfeiçoando, e existe essa carência na região”, completa, ao mencionar que alguns grupos oferecem oficinas por parte das ações de projetos e servem também para a requalificação. “Essas oportunidades alimentam para que novos artistas da cena comecem a surgir no cenário da produção artística da região”.

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