Jornal do Cariri
Caos nas finanças de Juazeiro
DONIZETE ARRUDA
12/01/21 0:00

Juazeiro do Norte está quebrado. Isso é inacreditável. Durante a campanha eleitoral essa falência não foi discutida, porque simplesmente ninguém sabia. O ex-secretário de Finanças, Evaldo Soares, deve ser investigado e, se comprovado o que se ouve no submundo das prefeituras, preso. Outros envolvidos nessa falência da prefeitura de Juazeiro do Norte têm nome e sobrenome: o então chefe de gabinete da administração, Nildo Rodrigues, o Secretário de Esporte, Luciano Basílio. O próprio Arnon Bezerra tem que ser inquirido para se descobrir a sua real responsabilidade na quebradeira de Juazeiro do Norte. Essa situação que o Município foi entregue no dia 1º de Janeiro foi calamitosa.

Números incompletos já assustam 

A falência de Juazeiro é uma constatação possível de se tirar após a entrevista coletiva do prefeito Glêdson Bezerra e seus auxiliares da área de finanças. As dívidas deixadas em aberto pelo Município já são de R$ 89 milhões, incluindo o pagamento de R$ 23 milhões da folha de pagamento e encargos de dezembro. E ainda falta adicionar a esse rombo outros buracos financeiros que estão sendo localizados pela equipe de transição. É inadmissível esse quadro. Parece que sacavam dinheiro em espécie na boca do caixa. Para esse mês de janeiro, que estamos chegando a metade, a previsão é uma entrada nos cofres públicos de Juazeiro de R$14 milhões e alguns trocados. Ou seja, não há exagero: o caos deixado para a nova administração será muito superior aos R$ 69 milhões divulgados pelo prefeito Gledson Bezerra. 

Folha de pessoal gorda demais

Depois que o prefeito Glêdson falou a verdade com transparência sobre o rombo financeiro. Os servidores racharam. Uma parte mais radical e cega com a realidade econômica de um Brasil em pandemia, com 3,2 novos milhões de miseráveis e um desemprego de 11 milhões, paralisaram suas atividades por um dia nesta segunda, 11. Esses servidores - Saúde - não tiveram nenhuma paciência. Essa turma declarou guerra à população. Dentro desse grupo, os que não tem estabilidade, sabem que esse radicalismo pode custar seus empregos. Já a outra parte, Demutran e Guarda Municipal, que ficou contra a greve, defendeu que fosse dado um prazo para a administração Glêdson tentar arrumar a casa e colocar os salários em dia, além de quitar outros débitos com fornecedores. Aliás, todo Juazeiro sabe que essa folha de pessoal está inchada.

Trem da alegria precisa descarrilhar 

O prefeito Glêdson Bezerra precisa cortar a folha de R$ 22 milhões para R$18 milhões. Esse corte de R$5 milhões não é uma tarefa complicada. É só olhar os antigos vereadores - os reeleitos não devem ser esquecidos - aliados do prefeito Arnon. Cada um deles tinha emprego, bastante empregos na administração municipal. Levantamentos iniciais apontam que a base inteira de Arnon na Câmara Municipal tinha no mínimo 1200 empregos. Outros falam que na verdade eram 2000 ou 2500 empregos. Ninguém consegue cravar o número correto. Bem que a nova administração poderia divulgar quantos cargos tinha cada vereador, se conseguisse aprontar uma lista de cada com seus afilhados. Somente um parlamentar empregava mais de 200 aliados em Juazeiro. Sua folha de apadrinhados era R$ 500 mil por mês. Evidente que os afilhados políticos, agora, negam as bênçãos nesses novos dias. Daí, o funcionalismo deve repensar essa ideia de ir para o enfrentamento. Afinal, o prefeito Glêdson foi eleito com o compromisso de acabar com essa política clientelista com a Câmara de Vereadores. 

Darlan organiza G15 contra Glêdson 

Entre as promessas de Darlan para os 14 vereadores que garantiram sua permanência à frente da Câmara, a principal: promover o enfrentamento com o prefeito Glêdson Bezerra por favorecimentos na gestão. Os 15 vereadores sob a liderança do presidente Darlan pediram 500 empregos, secretarias e outros benefícios não republicanos. Esses bastidores do encontro da barganha entre o prefeito Glêdson Bezerra e Darlan Lobo deveria ter sido filmado. Juazeiro do Norte ficaria estarrrecida com as exigências dos 15 vereadores e as ameaças que fizeram ao prefeito. Dá gosto ouvir o que disseram sobre o Ministério Público fazer cobranças sobre o uso de suas verbas na Câmara juazeirense. São declarações estarrecedoras. A primeira pedida de Darlan foi direta: queremos empregos. A resposta foi curta: não.  Afirmou não poder atender por um simples motivo: a Prefeitura não tem dinheiro e tem que chamar os 1,8 mil concursados, como orienta o Ministério Público. Darlan não quis saber. Detonou uma crise entre os poderes pedindo as cabeças dos secretários Francimones Rolim e Diogo Machado. Darlan sabe que não tem força, nem poder para barrar a indicação de secretários, mas aposta no desgaste público de Glêdson. Diante da confusão, o prefeito reagiu duro: não tenho medo de desgaste e nem de chantagens. Garante: não vai ceder a Darlan. Essa crise durará meses.
 Ministério Público versus Câmara 


 A motivação que detonou a crise entre o G15 e o prefeito Glêdson Bezerra deve chegar ao conhecimento do Ministério Público de Juazeiro do Norte nos próximos dias. Não é novidade que Glêdson governará com o MP e, por isso, vai explicar todo o teor da conversa entre ele e presidente Darlan aos promotores. Vale salientar, uma conversa nada amistosa e muito menos republicana. Darlan queria empregos e não aceita que Glêdson chame os concursados. Exige cargos para cumprir a promessa feita aos vereadores, que o reelegeram presidente. Com a negativa de Glêdson e do MP, agora Darlan pode perder força.  Sabe que deve cumprir a promessa sob pena de ser abandonado. Já tem vereador do grupo de Darlan querendo romper com ele e cogitando abrir uma discussão independente com a administração. Darlan sabe que se isso acontecer será seu fim. Os vereadores não são suicidas de enfrentarem uma guerra contra o Executivo e o MP. Sabem que não ganharão. Devem recuar enquanto podem negociar.
 
 Camilo prestigia candidato Baleia 

Os dois candidatos à presidência da Câmara Federal, deputados Baleia Rossi e Artur Lira, estarão nesta quarta-feira,13, em Fortaleza. Artur Lira é o candidato do presidente Bolsonaro e faz uma campanha corpo a corpo, bem distante do governador Camilo Santana e do senador Cid Gomes. Por sua vez, Baleia Rossi, apoiado pelo atual presidente Rodrigo Maia, que também estará em Fortaleza, participarão de um almoço no Abolição a convite do governador Camilo. Toda bancada cearense está convidada. Há um racha. Entre os aliados de Camilo, Domingos Neto( PSD), AJ Albuquerque( PP), Júnior Mano( PL) e André Figueredo( PDT) estão fechados com Artur Lira. Candidato do Planalto, Lira pode ter mais no máximo 5 votos. Hoje, Baleia Rossi tem 13 votos e pode chegar até a 18 votos. Há 5 votos indefinidos. Sim! O voto é secreto, e as eleições serão no dia 2º de fevereiro. Se Bolsonaro vencer, sua reeleição ficará mais fácil. Camilo trabalha para derrotá-lo de olho numa candidatura presidencial, mesmo hoje estando apoiando nome de Ciro Gomes, que não deslancha. 

Disse me disse... 

 
 
As discussões no PT cratense estão pegando fogo. O partido indicou o comando de três secretarias do governo Zé Ailton Brasil, mas tem um problema.

 A decisão sobre as indicações não passou pelos vereadores Lurdes de Carlim e Tancredo. As vagas foram decididas apenas entre os grupos do ex-vereador Amadeu de Freitas e o vereador reeleito Pedro Lobo.

 Pedro Lobo, aliás, que indicou o irmão, Tota Lobo, para a secretaria de Serviços Públicos, e Carlos Freire, para o Desenvolvimento Agrário.

 Os dois vereadores ameaçam rachar o partido, criando um novo grupo para rediscutir a participação do partido na gestão.

Sabendo da crise no seu partido, o prefeito Zé Ailton chamou o vereador Pedro Lobo e o presidente MaurÍcio para conversar. Não quer divisão.
 
Zé Ailton teve a promessa que tudo será resolvido. Mas, se não abrir mão de uma das duas secretarias que indicou, Pedro Lobo não resolverá.
 
O deputado José Guimarães visitou o Crajubar. Esteve em Crato e Barbalha. Sondagem do terreno para 2022.
 
Guimarães prometeu empenho para ajudar as duas gestões. Em Barbalha, o prefeito Guilherme ouviu e agradeceu. No Crato, Zé Ailton fez o mesmo.
 
Nos dois casos, Guimarães sabe que depende do aval do governador Camilo para ser o candidato preferencial das gestões.
 
Outro que visitou os dois prefeitos foi presidente da Assembleia, deputado Fernando Santana. Bem diferente de Guimarães, Fernando terá o apoio de Zé Ailton e Guilherme em 2022.  

  
Impressiona a discrição do mandato de Fernando Santana como presidente da Assembleia. Tem recebido elogios de todos os políticos. Se credenciando para vôos altos em 2022. 

Desculpe a ignorância, o presidente da Câmara de Juazeiro, Darlan Lobo, quer agendar uma briga em praça pública com o Ministério Público para barrar a posse dos concursados na prefeitura do Município?
  

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