O clima de campanha eleitoral deu o tom da visita do presidente Jair Bolsonaro ao Cariri, na última sexta-feira (13), quando esteve em Juazeiro do Norte para entregar 2.794 unidades habitacionais do programa Casa Verde e Amarela nesta cidade e em Crato. Na oportunidade, Bolsonaro referendou a candidatura do deputado federal Capitão Wagner (Pros) ao Governo do Estado, em 2022. “Meu velho companheiro Capitão Wagner... Eu não acho, eu tenho certeza, assim como o Brasil tem um capitão, o Ceará terá, brevemente, um capitão também”, disse Bolsonaro.

Sem usar máscaras e com direito a vaias por parte de alguns opositores que estavam no local, Bolsonaro criticou governadores que decretaram lockdown durante a pandemia de covid-19 e chamou de “ato criminoso” as medidas sanitárias aplicadas pelo governador Camilo Santana (PT), contra o avanço do novo coronavírus. O presidente repreendeu os decretos do Governo do Estado, de lockdown e toques de recolher, ao justificar que o fechamento do comércio prejudicou a economia. “Essas medidas por alguns governadores, entre eles o desse Estado, além de impensadas, foram muito mal recebidas pela população. Mandar ficar em casa, sem prover ganho para a sua subsistência, é mais do que uma maldade, é um ato criminoso”, manifestou-se o presidente.

Em redes sociais, Camilo Santana reagiu aos ataques de Bolsonaro. “Criminoso, Sr. presidente, é ignorar a perda de mais de meio milhão de vidas na pandemia e ainda debochar da dor das famílias. [Se] Tivéssemos um Governo Federal mais preocupado com a vida, milhares teriam sido salvos. Seus ataques jamais irão tirar de mim a força para continuar lutando”, escreveu o governador. No dia seguinte, Camilo voltou a direcionar a atenção para Bolsonaro, depois de receber o apoio de prefeitos aliados, a exemplo dos gestores de Crato e Barbalha, que saíram em defesa dele contra o presidente. “A melhor resposta para golpistas e negacionistas é intensificar a luta em defesa da democracia e da vida. Ameaças e fake news jamais irão suplantar as ações em favor da verdade e do respeito às instituições. São palavras ao vento. Fascistas não nos intimidam e não passarão jamais”, argumentou o governador.

Três dos cinco residenciais entregues em Juazeiro do Norte levam o nome de Leandro Bezerra de Menezes, ex-vereador e pai do ex-prefeito de Juazeiro do Norte, Arnon Bezerra, o que justificou o convite para que o deputado federal Pedro Bezerra (PTB), neto do homenageado, participasse da cerimônia. No ato, contudo, o deputado juazeirense foi vaiado por apoiadores de Bolsonaro, já que é aliado do governador Camilo Santana. “As manifestações vindas do povo são sempre bem vindas. Dificilmente teremos um político que já não passou por situações antagônicas”, amenizou o presidente durante as vaias a Pedro Bezerra.

Bolsonaro também se direcionou ao prefeito Glêdson Bezerra durante o discurso. “Sabemos dos seus princípios e a quem ele serve. Já foi policial militar e já foi policial civil também. Ele sabe muito bem o que é estar sempre do lado certo”, considerou. Glêdson, por sua vez, confirmou o apoio ao presidente. "Essa pergunta vem percorrendo desde a campanha eleitoral em 2020. Eu fui eleitor do Bolsonaro. Votei no Bolsonaro no segundo turno para presidente e torço para que ele faça um excelente trabalho para o País", disse.

Forro desaba

No domingo (15), dois dias depois de o presidente ter entregue os conjuntos residenciais, parte do forro de uma das 2.794 moradias desabou. A avaria na estrutura teria sido causada pelo rompimento de uma tubulação. "Era umas 19h30. Eu tinha saído para fazer compras com meu filho e minha mãe ficou deitada. De repente, escutou uma zoada, começou sair água por tudo que é canto, o forro descolou e a casa ficou toda alagada", relata Raquel Gonçalves, que recebeu o imóvel na sexta-feira e passou a morar no domingo.  “Foi coisa simples. A junção do joelho de PVC que rompeu. O barulho foi ocasionado pelo acúmulo de água no teto, que se rompeu. A empresa já está fazendo os reparos”, explicou Antônio Oliveira, diretor da Defesa Civil em Juazeiro do Norte.