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Autor lança obra de poesias em homenagem a Juazeiro do Norte
Obra foi vencedora do I Prêmio Demócrito Rocha
Foto: Arquivo pessoal
Joaquim Júnior
18/02/25 8:30

Um livro em poesia para homenagear Juazeiro do Norte. Entranhada em seu ser, a cidade é inspiração para Émerson Cardoso, que lança, nesta semana, “Romanceiros”. O lançamento da obra será nesta terça (18), no Centro Cultural Banco do Nordeste (CCBNB) Cariri. O livro nasceu como uma “intimação” após o autor encontrar Ariano Suassuna, no ano de 2009, e ser indagado por ele se existia algum romanceiro na cidade. “Como eu não tivesse certeza se havia, ele me disse: ‘Pois pronto! Você não disse que é metido a poeta? Escreva um romanceiro sobre a sua cidade!’”, lembra Émerson – três anos depois, em 15 de setembro de 2012, na data em que é celebrado o Dia de Nossa Senhora das Dores, padroeira da cidade, o livro já tinha sido escrito e reescrito.

De acordo com o autor, o livro “Romanceiros” apresenta apenas dois “romanceiros”: “Romanceiro do Horto” e “Romanceiro do reisado”, que integram a segunda parte do livro “Romanceiro do Norte Juazeiro”, que possui três partes e é um livro com vários poemas dedicados à história, à memória e ao imaginário de Juazeiro do Norte, a maior cidade caririense. A obra foi vencedora do I Prêmio Demócrito Rocha, na Categoria Poesia. Para o autor, o reconhecimento foi algo gratificante demais para a vida literária dele, a legitimação de um trabalho que vem sendo realizado há alguns anos e que, com o prêmio, alcança um novo horizonte de possibilidades.

O percurso literário de Émerson começou cedo, ainda na escola. “Sempre gostei de aulas voltadas para leituras e interpretações textuais. Lembro que eu lia poemas ou letras de canções, presentes nos livros escolares, e os decorava”, relata. Desse modo, ele foi envolvido pela leitura e pela escrita a ponto de começar a escrever os primeiros textos na infância. “Eu escrevi, durante a adolescência, diários e poemas. Além disso, a literatura oral foi parte significativa da minha formação. Como nasci em Juazeiro do Norte, esta terra repleta de história, de cultura e de manifestações da oralidade,  comecei desde criança a apreciar o universo das lapinhas, dos reisados, da literatura de cordel, dos benditos, da religiosidade popular (com suas representações simbólicas), dos repentistas e dos contadores de causos (com suas envolventes histórias de exemplo e de assombração)”, comenta o autor, ao dizer que, assim, foi instigado a escrever também, de modo que a escrita nasceu nele como  uma necessidade de falar dos valores de sua terra, de expressar sentimentos, de construir sua própria forma de arte e, sobretudo, de transpor para o papel as experiências vividas em momentos dolorosos ou felizes da vida.

“A literatura permanece viva e precisa de acolhimento, de compartilhamento e de apreciações sensíveis, tendo em vista que o ‘mundo’, por vezes, retira de nós o direito à contemplação da palavra esteticamente construída. Além  de escritor, sou professor de Língua Portuguesa e pesquisador de  Literaturas de Língua Portuguesa e Francesa, isto é, a literatura é a minha vida: convivo com ela em sala de aula, no âmbito da pesquisa acadêmica e na arte de produzir textos literários. Nesse sentido, devo dizer que, com meus livros, quero valorizar as tradições populares tão em pauta em Juazeiro do Norte, também quero contribuir para a criação literária dessa cidade que amo tanto. Quero fazer algo por Juazeiro do Norte: lecionar, pesquisar e escrever são as minhas contribuições para essa terra que tanto valorizo!”, conclui.

Conheça mais sobre o autor

A trajetória literária de Émerson Cardoso começou em 2011, com a publicação do livro de contos “Breve estudo sobre corações endurecidos”. Nos anos seguintes, vieram obras como a trilogia do Cariri cearense: o livro de poesia “Romanceiro do Norte Juazeiro” (2014), a peça teatral “A Revolta de Antonina” (2015) e o romance “O casarão sem janelas” (2018). Na sequência, ele publicou o livro de contos “O baile das assimetrias” (2021/2022), “Jornadas” (2023) e “Romanceiros” (2025). Como cordelista, publicou “A Beata Luzia vai à guerra” (2011), “A artesã do chapéu ou Pequena biografia de Dona Maria Raquel” (2012) e “A punição do Padre Belo” (2022). O primeiro prêmio literário veio pela escrita do conto “O martírio de Eulália” (2018). Também organizou o livro “Juazeiro tem artistas, Juazeiro tem poesia: manifesto poético” (2024), que reuniu 47 artistas da palavra que nasceram ou vivem em Juazeiro do Norte.

“Quanto aos temas, tenho abordado: religiosidade popular, memória, história e cultura caririense, dentre outros temas. Desde ‘O baile das assimetrias’, tenho refletido sobre minorias sociais, com ênfase na condição da mulher e em questões atinentes à comunidade LGBTQIAPN+. Estou escrevendo, a propósito, uma trilogia sobre o universo das travestis, de modo que escrevi: uma peça teatral e um romance (que foi finalista do V Prêmio Caio Fernando Abreu de Literatura de 2024), enquanto estou concluindo um livro de poesia que encerra a trilogia”, pontua.

Em relação a “Romanceiros”, ele explica: “A propósito do gênero poemático  ‘romanceiro’, devo dizer que ele é um conjunto de ‘romances’, isto é, ele apresenta um gênero poemático de origem ibérica cuja base está centrada no uso de alguns componentes formais (redondilha maior, musicalidade, rimas etc.) e conteudísticos que apontam para a construção  narrativa em versos”. Como menciona, ele ama poesia rimada e metrificada, mas também gosta de experimentar e, por isso, pensou em trazer tradição e modernidade para essa poesia.

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