O projeto “Ouvindo pedras, ervas e sonhos – Flechas de arte em circularidade nos terreiros”, realizado pela Coletiva Flecha Lançada Arte, apoiado pela Bolsa Funarte de Teatro Myriam Muniz- Funarte Rede das Artes 2023- Programa de Difusão Nacional, promoverá intercâmbios artísticos entre as Aldeia Kariri Bate Maré, em Paulistana e Aldeia Kariri de Serra Grande, localizada no município de Queimada Nova, no Piauí, entre os dias 1 a 4 de maio de 2025. A ação envolve as apresentações de artistas do Cariri Cearense, como  “Histórias que Penha Conta” (2018) e “Ané das Pedras” (2021), que buscam fortalecer as memórias ancestrais e a produção artística nos territórios indígenas. 

Além das apresentações teatrais, será realizada a Oficina de iniciação ao Teatro, “Inventando com os sonhos”, com duração de 4h30min em cada aldeia, direcionada às crianças e jovens. Inspirado na escuta do território por meio das pedras, ervas e corpos-flecha, o teatro é utilizado como ferramenta de encontro, produção de saúde e construção de futuros possíveis. A iniciativa reafirma a ancestralidade como um caminho para a criação artística e coletiva. Toda a programação é gratuita e conta com intérpretes de libras.

Para a proponente do projeto, Ana Floresta, “esse tipo de edital é muito importante para nós, porque até então o que a gente faz fica aqui no nosso terreiro, fica aqui na nossa cidade, pois não tem verba o suficiente para conseguir estender essas relações com outros territórios. Então, quando conseguimos acessar esse tipo de financiamento, de edital, de projeto, a gente está se permitindo a não ocupar outros espaços, mas sim a possibilidade de visualizar nesses outros espaços outros tipos de conexões”. Sobre as expectativas, Ana fala que “é um sentimento muito intenso de troca. Mais do que uma apresentação artística, é a possibilidade de vivenciar uma outra realidade, onde nos reencontraremos com os nossos parentes”.

Joedson Kariri, integrante da Coletiva, fala um pouco sobre como se deu a escolha para o intercâmbio nas aldeias do Piauí, “a escolha foi feita pelo sentido de que são comunidades Kariri e nós também somos Kariri. Inclusive, com relação aqui à Serra do Catolé, às famílias indígenas que moram no Sítio Leite tem como matriarca Maria Piauí, que vem de lá. Então, foram esses dois critérios, essa relação de parentesco que existe com uma família indígena da Serra do Catolé, uma grande família, com o povo Kariri do Piauí e, de modo geral, possibilitar um intercâmbio entre o próprio povo Kariri, do Cariri cearense e do Piauí.”

Nos dois primeiros dias, a vivência acontece na Aldeia Kariri Bate Maré, em Paulistana (PI), que tem como liderança o Gilmar. Ele compartilha suas expectativas com a chegada da programação: “Os movimentos da comunidade e as atividades sempre tão ligadas à minha pessoa como liderança, mas a gente faz um trabalho coletivo. Eu tô como líder, mas temos várias lideranças que estão juntas com o mesmo objetivo, que é buscar o melhor pro nosso território.” Sobre receber as oficinas e os espetáculos, ele completa: “A expectativa é grande demais! Faz quatro anos que retomamos nosso território nos reafirmando como povo originário e é a primeira vez que vamos ter dois dias de oficina e espetáculo. É muito importante pra nós.”

Nos dois últimos dias, o intercâmbio acontece na Aldeia Kariri de Serra Grande, localizada no município de Queimada Nova (PI). Dona Maria Francisca, cacica da aldeia, conta que a expectativa é de curiosidade e aprendizado, que vai deixar um legado muito bonito para a comunidade.

Todas as atividades são gratuitas e aberta ao público. A oficina contará com disponibilidade de 20 vagas abertas para as crianças e jovens das comunidades e as  inscrições podem ser feitas pelo link que será disponibilizado no instagram @coletivaflechalancadaarte