Artesãs unem sabedoria e criam coletivo de bordado
Entrelinhas Cariri reúne mulheres caririenses, feministas e estudantes.
Semente para criação do coletivo foi plantada durante evento de leitura. Foto: Divulgação
Joaquim Júnior
18/08/20 8:30

Quando Ana Paula, em julho de 2019, recebeu em casa um grupo de amigos para um evento de leitura, não imaginava que, ali, uma nova etapa teria início na vida. Nas paredes da sala, os inúmeros bordados chamaram a atenção e despertaram o interesse pelo bordado livre. Ali foi plantada a semente do Entrelinhas Cariri, coletivo atualmente formado por sete mulheres artesãs da região. Foi naquele dia que uma lista de materiais para o compartilhamento das técnicas foi feita e, desde então, a troca de experiências aconteceu semanalmente.

Maioria dos bordados é feita em bastidores. Foto: Divulgação

Logo nos primeiros encontros, Ana Paula conta que elas sentiram a potência e a transformação que o bordado teria nas vidas delas, como ferramenta que une mulheres, ameniza ansiedades e desperta criatividade. “Com a consolidação desses encontros sempre tão produtivos e afetuosos, naturalmente surgiu a ideia de formalizar o coletivo a partir de um projeto e criar uma loja para vender as peças produzidas”, conta, ao dizer que o nome Entrelinhas Cariri foi pensado em alusão à região caririense e à união feminina.

Desde que criado, há três meses, o coletivo, que acumula mais de 1.100 seguidores no Instagram @entrelinhascariri, já enviou peças para várias regiões do país. Ao todo, o grupo conta com sete artesãs: Ana Gleysce e Ana Carolina Torres, professoras; Louize Grangeiro, Ana Carolina Brito e Maria Thayná Oliveira, estudantes; Andrezza Campos e Ana Paula, administradoras. Todas, como enfatiza Carolina Brito, são mulheres caririenses, feministas e estudantes.

Para Maria Thayná, o atual período de pandemia de covid-19, que impede a união física do grupo, tem sido muito desafiador, mas também prazeroso. Diante do atual cenário, o ambiente virtual ganhou espaço e as aproxima. “Desde que lançamos o Entrelinhas para o público, nossos laços se fortaleceram bastante e estamos sempre dando suporte umas às outras”, afirma.

Como explica Louize Grangeiro, o bordado livre permite uma grande liberdade criativa. “Cada peça é única e passa por um processo pormenorizado. Os desenhos são pensados e feitos no papel, sendo passados depois para o tecido; as cores são escolhidas uma a uma e os pontos são pensados previamente para melhor efeito na peça”, conta. Atualmente, a maioria dos bordados é feita em bastidores, mas as possibilidades de criação podem ser ampliadas.

Os planos para o futuro, segundo Ana Carolina Torres, incluem participação em eventos de economia criativa e levar um pouco do Cariri, e da arte delas, para outros lugares. “O que nos uniu foi muito mais do que a vontade de criar, de aprender a bordar. Compartilhamos uma visão de mundo, somos feministas e, em nossos encontros, sempre saíamos mais fortalecidas. O Entrelinhas Cariri, hoje, significa para nós não apenas uma parceria de artesãs, mas também um porto seguro, um lugar no mundo, uma identidade”, finaliza, ao acrescentar que “as mulheres são como água, crescem quando se encontram”.

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