Jornal do Cariri
Após operação do MPCE, Glêdson afirma ser vítima de tramoia política
Prefeito de Juazeiro foi alvo de operação do MPCE
Foto: Joaquim Júnior
Joaquim Júnior
13/03/24 14:10

O prefeito de Juazeiro do Norte, Glêdson Bezerra, reuniu a imprensa para falar sobre a operação realizada pelo Ministério Público do Ceará (MPCE), na manhã desta terça-feira (13). Glêdson, a atual secretária Genilda Ribeiro e o ex-secretário de Meio Ambiente e Serviços Públicos, Diogo Machado, três empresários e sedes de empresas foram alvo de 14 mandados de busca e apreensão em Juazeiro do Norte, Aquiraz e Tejuçuoca.  Glêdson acredita estar sendo vítima de uma “artimanha” que tenta prejudicar sua imagem. Após a operação, a secretária foi afastada do cargo. Houve, ainda, decisão para que a atual empresa de limpeza pública encerrasse atividades – preocupação apresentada pelo prefeito, que pede ajuda da população enquanto o problema é solucionado.

Durante a coletiva, Glêdson Bezerra explicou que, antes de sua gestão, o Município pagava cerca de R$ 4,5 milhões mensais para uma empresa de coleta seletiva. Após tentativas de contratação de uma nova empresa, por meio de licitação, o Município conseguiu diminuir o valor para R$ 2,16 milhões. “Ocorre que os vereadores de Juazeiro do Norte ingressaram com ação na Justiça, alegando inexequibilidade, no popular, dizendo que não era possível fazer a limpeza da cidade com um valor tão barato”, relatou, ao dizer que a gestão recorre da sentença de primeiro grau resultante e questiona: “se fosse inexequível, como estamos fazendo esse exercício já há quase dois anos?”.

Segundo o prefeito, no mês de junho de 2023, o Município recebeu a visita da Procuradoria de Justiça dos Crimes contra a Administração Pública (Procap), órgão do MPCE. “Toda documentação que eles pediram, receberam. Nós disponibilizamos uma sala para que ali sentassem e fizessem toda avaliação. Entregamos caixas e mais caixas de documentos além do que está constando no Portal da Transparência de nosso município, que tem o selo diamante da Atricon como um dos portais da transparência mais completos no Brasil, e entregamos tudo em tempo real”, enfatizou.

Após a ida dos procuradores ao Município, de acordo com Glêdson Bezerra, ele solicitou uma audiência com o superior da Procap. Na ocasião, que foi gravada, o prefeito afirmou estar com medo de ser vítima de politicagem e, então, apresentou prints de grupos de WhatsApp em que pessoas, que seriam ligadas à oposição política, diziam que ele seria vítima de uma operação policial com a finalidade de desgastar a imagem dele. Desde então, nenhum documento foi solicitado.

Posteriormente, segundo o prefeito de Juazeiro, durante jantar com o Ministro do Turismo no Município, o vereador Beto Primo teria ouvido do atual presidente da Câmara o conselho para que se afastasse de Glêdson, pois haveria uma operação neste ano para desgastar a imagem dele, e que ele seria afastado no mês de março. “Diante dessa afirmação, falei para o vereador que era uma afirmação grave, e disse que ia fazer essa denúncia no Ministério Público. E ele disse que poderia fazer a denúncia, porque ele estava ali para comprovar. Assim eu fiz. Denunciei no MP e contei, narrei, o que estava acontecendo”, completou.

“Gravei vários vídeos dizendo que eu estou sendo vítima de uma tramoia, de uma artimanha, para tentar prejudicar nossa imagem em pleno ano eleitoral”, afirmou, ao citar a visita da Polícia à residência dele para cumprir mandado de busca e apreensão. “Eu aproveito para dizer a vocês que o que existia em Juazeiro do Norte era um gravíssimo caso de corrupção, de crime, de desvio. Que, se nós tivéssemos a seriedade necessária neste país, já era para as pessoas estarem atrás das grades, na cadeia, porque eu baixei de R$ 4,5 milhões um negócio desses para R$ 2,2 milhões. Qual é a explicação lógica que tem para isso? A explicação que eu recebo é, hoje, eu receber a vista da polícia na minha casa”.

Nullum Pactum

A operação “Nullum Pactum” foi deflagrada pelo MPCE, por meio da Procap, com apoio da Polícia Civil e da Controladoria Geral de Disciplina dos Órgãos de Segurança Pública e Sistema Penitenciário (CGD). De acordo com o MPCE, segundo a apuração da Procap, um dos empresários investigados realizou doação para a campanha eleitoral do prefeito de Juazeiro do Norte e, com a eleição dele, teria assumido a gestão da Secretaria de Meio Ambiente e Serviços Públicos, nomeando, inicialmente, seu genro e, em seguida, uma funcionária da sua empresa, como titulares das pastas.

“Através da Secretaria, o empresário teria executado um dos contratos de maior valor para o Município, que seria da limpeza pública municipal. A investigação também encontrou indícios de que foram celebrados contratos fraudulentos, com violação ao caráter competitivo do processo licitatório”, afirmou, em nota, o MPCE.

Na operação, foram apreendidos aparelhos celulares e documentos. Os investigados, por sua vez, podem responder pelos crimes de corrupção, fraude em licitações, falsidade ideológica e associação criminosa.

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