Jornal do Cariri
Altíssimo risco
Madson Vagner
13/04/21 0:00

A situação de altíssimo risco de contágio por covid-19 em mais de 90% dos municípios cearenses está levando autoridades locais à tomada de decisões mais contundentes. Em Brejo Santo, a gestão Município chegou a restringir atendimentos em farmácias e supermercados. No mesmo embalo, a agência da Caixa Econômica Federal suspendeu, no dia 7, os atendimentos de forma temporária as atividades. A ideia foi garantir a segurança de funcionários e clientes, segundo nota da agência. Os clientes foram orientados a recorrer a lotéricas e agências de Mauriti e Barbalha. Já em Mauriti, foi o Ministério Público que entrou em cena. No mesmo dia 7, uma Ação Civil Pública pede a reparação por danos morais no valor de R$ 500 mil contra o Banco Bradesco. O promotor Leonardo Marinho quer, ainda, que a agência adote medidas para preservar a saúde, evitando aglomeração e, consequentemente, a contaminação pela covid-19. No Cariri, apenas Barro, Mauriti e Granjeiro não estão em risco altíssimo.

Lockdown prolongado

O crescimento repentino dos casos de covid-19 em Antonina do Norte levou o prefeito Antônio Filho a decretar lockdown por mais 10 dias. A medida passou a valer a partir do dia 9 e, segundo o gestor, foi referendada pela comissão de acompanhamento da pandemia e representantes de classes e comércio do Município. Antônio Filho aponta o crescimento repentino dos casos nos últimos dias, aumentando a necessidade de oxigênio no hospital local. Além dos casos se apresentarem mais graves. A gestão teve que recorrer a fornecedores do estado do Piauí. O insumo não foi encontrado em distribuidores no Ceará. Outro fator apontado pelo prefeito foi a dificuldade de transferência de pacientes de média e alta complexidade para os hospitais de referência, como o Hospital Regional do Cariri (HRC), em Juazeiro do Norte. Não há vagas disponíveis.

Mais rígido ainda

A exemplo de Antonina do Norte, o município de Santana do Cariri também permanece em lockdown. O prefeito Samuel Garcia aponta o alto número de infectados como motivação para a decisão. A diferença no decreto de Santana e a maior rigidez. Além de isolamento social rígido, o Município está sob toque de recolher a partir das 17 horas e Lei Seca. A gestão entende, acertadamente, que a facilidade em adquirir bebidas alcoólicas motiva aberturas de bares e a realização de festas clandestinas. Em Santana, foram 17 óbitos. Até o domingo (11) eram 12 infectados, sendo duas internações. Apesar dos números aparentemente baixos, a gestão teme pelos mais de 140 casos em investigação. Igual ao gestor de Antonina do Norte, Samuel Garcia se diz preocupado com a falta de leitos nos hospitais de referência como o HRC, em Juazeiro.

Justiça em cena

A Justiça de Farias Brito entrou em cena na crise da educação. O juiz Luiz Sávio Bringel aceitou pedido de liminar, derrubando o projeto do prefeito Deda Pereira, que autoriza contratação de temporários para os cargos de coordenadores e diretores de escolas municipais. O projeto, aprovado pela Câmara, desrespeitava outra lei municipal que garantia a ocupação dos cargos apenas por servidores efetivos. Na decisão, o juiz foi mais longe: determinou que os ocupantes, além de fazerem parte do quadro efetivo, tenham formação nas áreas e experiência comprovada. Mas a derrota não abalou a base do prefeito, que promete uma manobra para reverter a situação. Para o momento, a Prefeitura tem 45 dias para refazer as nomeações, sob pena de pagar R$ 50 mil em multa. O problema é que as aulas já iniciaram e faltam profissionais nos cargos.

Gestão “botiquim”

As crises no governo Deda Pereira, em Farias Brito, parecem não ter fim. Apesar do tom piadista, principalmente nas redes sociais, a fama de “gestão botiquim” deve ser a tônica daqui para frente. Na última semana, dois fatos colaboraram. A gestão fez licitação de R$ 100 mil para compra de salgados como coxinha. Ninguém entendeu nada. Será que não há outras prioridades durante a pandemia de covid-19? E, vale salientar, que o vencedor já estava anunciado nas rodas de conversas e redes sociais: o conhecido Paulo da Padaria, apoiador de Deda na campanha. Diante das sucessivas crises, a base de Deda parece perder o controle emocional. O vereador Edson Ferreira chegou às vias de fato com adversário político do distrito que representa, conhecido como Ezio. Eles disputam quem tem mais influência dentro da gestão Deda. Os dois estavam num botiquim.

Desvio de finalidade

Pelo menos quatro doações de terrenos à duas empresas e uma associação, feitas pela Prefeitura de Mauriti durante a gestão do ex-prefeito Evanildo Simão, devem ser anuladas. A ação do Ministério Público aponta desvio de finalidade. Foram usadas áreas desapropriadas por utilidade pública e institucionais para construir equipamentos públicos. O promotor Leonardo Marinho acusa desrespeito à Lei de Parcelamento do Solo Urbano. Além do Município, foram acionados os representantes das empresas Atlântica Agropecuária Ltda, que recebeu duas doações; Sorvetes Mauriti Ltda e a Associação de Microempresários de Pequeno Porte. Caso as empresas estejam funcionando nos locais ou com obras em andamento, o caso pode motivar ações de indenização contra a Prefeitura. Não houve manifestação do ex-prefeito Evanildo Simão, nem do atual gestor Isaac Júnior.

MP na cola

E quando as câmaras de vereadores fecham os olhos, não tem outro jeito: a Justiça tem que agir. Em Potengi, o Ministério Público do Estado orientou pela suspensão de licitação para contratação de serviços advocatícios, que seria realizada no dia 07, na Prefeitura. Os indícios de corrupção já estavam nas redes sociais, inclusive com os nomes dos prováveis vencedores. Ou seja, suspeita clara de direcionamento, inclusive com denúncias de superfaturamento. Os promotores apresentaram vasta documentação comprovando o esquema em curso. Ao blog do Jocélio Leite, o presidente da Câmara, vereador Ailton Leite, disse que tinha tomado conhecimento das denúncias, mas aguardava manifestação do Ministério Público. Ailton tenta apenas explicar sua omissão. Já o prefeito Edson Veriato continua calado. Precisa explicar tanta imoralidade.

Enquanto isso...

... Ainda em Potengi, a despeito do silêncio consentido, o prefeito Edson Veriato continua sendo desafiado a dar muitas outras explicações sobre sua maneira de gerir os recursos públicos. Entre as mais recentes, o prefeito tem sido acusado de fazer turismo com o dinheiro público. Os opositores reclamam de uma viagem à Brasília que não rendeu nada à cidade.

... De quebra, o prefeito Edson Veriato tem que explicar a necessidade de levar um fotografo, que aparece em várias fotos pessoais em frente a monumentos e dentro cabine de avião, como se fosse turista. A avaliação da oposição é que a companhia foi extremamente desnecessária e que serviu apenas para onerar a viagem à capital federal.

... Ainda em Farias Brito, após circular um vídeo nas redes sociais mostrando uma aglomeração com muita bebida alcoólica, possivelmente dentro de uma escola do Município, a Prefeitura usou um perfil do Facebook para rebater a informação. A informação, originalmente divulgada por perfis ligados a oposição, foi tratada como fake.

... O perfil que faz assessoria ao prefeito Deda Pereira garantiu que “na realidade essa escola não pertence mais ao Município, foi licitada e vendida pelo ex-prefeito, Zé Maria, durante sua gestão”. A antiga escola está localizada no Sítio Tabuleiro, Distrito de Quincuncá, mas o perfil volta a garantir que ela “foi desativada e vendida pelo ex-gestor”.

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