Altas temperaturas aumentam riscos de acidentes com animais peçonhentos
Escorpião-amarelo, abelhas e formigas são alguns dos animais peçonhentos existentes no Cariri
Foto: Agência CEUB
Joaquim Júnior
21/11/25 9:30

Entre os anos de 2024 e 2025, foram registrados 4.912 acidentes por animais peçonhentos no Cariri, segundo o Sistema de Informação de Agravos de Notificação – Sinan Net. Temperaturas mais altas são mais propícias a esses tipos de ataque. Já em relação a acidentes no trabalho, foram registrados mais de 800 casos, entre os anos de 2019 e 2024, conforme apresenta o recém-lançado Boletim Epidemiológico – Acidentes por Animais Peçonhentos Relacionados ao Trabalho, da Secretaria da Saúde do Ceará.

O biólogo Deyvisson Nascimento considera ser imprescindível o cuidado com animais peçonhentos e venenosos, principalmente nas residências em ambientes rurais ou próximos a florestas e cachoeiras. Autor do livro “Mitos e verdades sobre os animais mais temidos do Brasil” e criador da página Bionátiico, ele apresenta algumas diferenças entre eles: a principal distinção é que os animais peçonhentos são aqueles que injetam toxinas por meio de estruturas especializadas, como presas, ferrões, agulhas ou quelíceras, já os venenosos liberam toxinas passivamente, geralmente por contato ou ingestão.

Na região do Cariri, de acordo com Deyvisson, é possível encontrar serpentes peçonhentas como cascavel, jararaca e coral-verdadeira, além de animais como escorpião-amarelo, vespas, abelhas e formigas; já entre os venenosos, ele destaca a espécie Rhinella jimi, popularmente  conhecida como sapo-cururu, que apresenta glândulas paratoides localizadas atrás dos olhos, capazes de liberar uma secreção tóxica quando o animal se sente ameaçado.

“Prevenir acidentes com animais peçonhentos é uma tarefa que depende tanto de conhecimento e vigilância individual quanto de ações coletivas de saneamento e educação ambiental”, relata o biólogo, que cita que ambientes urbanos oferecem abrigo e alimento para diversos animais peçonhentos. “Escorpiões, aranhas e até serpentes podem se esconder em locais como jardins, entulhos e frestas em paredes, então manter quintais limpos, sem acúmulo de entulhos, folhas secas ou restos de construção, já é uma ótima prevenção”, orienta, ao destacar que esses animais têm um papel crucial para o meio ambiente e para pesquisas na área da saúde.

Morgana Tavares, médica emergencista do Hospital Regional do Cariri (HRC), explica que acidentes com animais peçonhentos são emergências médicas e precisam de atenção imediata. “Mesmo que nem todo caso seja grave, é preciso que a pessoa que foi vítima seja avaliada o quanto antes por um profissional de saúde, que a evolução pode ser rápida e imprevisível”, relatou, ao dizer que a preferência é que se busque o serviço de saúde nas duas primeiras horas do acidente. Enquanto isso, não se deve cortar o local, fazer torniquete, sugar o veneno ou aplicar qualquer substância. O correto é manter o membro em repouso, de preferência da altura do coração, retirar anéis, pulseiras, calçados apertados e lavar apenas com água e sabão. Para facilitar o atendimento, pode levar foto do animal ou levá-lo morto ou bem acondicionado.

Os sinais de gravidade variam conforme o animal envolvido, mas alguns sintomas servem de alerta para buscar o socorro imediato: dor intensa que se espalha rapidamente, inchaço progressivo ou endurecimento na região, vômito, tontura, suadeira, visão embaçada, dificuldade para respirar, muita sonolência, paciente confuso ou queda da pressão. “Estes sintomas indicam que o veneno já está agindo de forma mais sistêmica no corpo todo e esse paciente precisa ser atendido com uma urgência maior”, indicou.

Em casos de acidentes com animais peçonhentos, a médica orienta que a população deve procurar unidades que façam parte da Rede de Assistência a Acidentes por Animais Peçonhentos, como o HRC, que é referência para casos moderados e graves. Os casos leves podem ir para a UPA. No HRC, ao chegar, o paciente passa por triagem para, ao identificar o tipo provável de animal envolvido, é administrado o soro antiveneno. Além disso, o hospital realiza acompanhamento clínico, monitora sinais vitais, entre outros procedimentos.

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