Nas últimas semanas, a região do Cariri tem registrado altas temperaturas, com sensação térmica que se aproxima dos 40°. Conforme Danúsio de Sousa, professor de Meteorologia do Instituto Federal do Ceará (IFCE), campus Crato, entre os fatores que contribuem para o aumento da temperatura estão: a maior incidência de radiação solar, comum nessa época do ano; redução das chuvas; redução da velocidade do vento e poucas nuvens. Tais fatores, inclusive, contribuem para a ocorrência de queimadas, que agravam a situação. Muitas delas têm origem na agricultura. Somente em outubro, de acordo com o Sistema de Monitoramento e Alerta da Enel Distribuição do Ceará, mais de 600 incidências de incêndio foram registradas no Cariri. Em 2020, já foram mais de 1.400.

Conforme explica professor Danúsio, estudos indicam que as queimadas contribuem para o aquecimento global, liberando na atmosfera o gás carbono e o metano, que são os que provocam o efeito estufa. “Esses gases impedem que a radiação escape para o espaço, aquecendo a superfície da Terra. Levando a um aumento da temperatura”, completa. Para os próximos meses, a tendência é o registro de temperaturas elevadas, com baixa umidade relativa do ar – o esperado é que, somente a partir de dezembro, com o início da estação chuvosa no Ceará, a situação melhore.

A informação é confirmada pelo meteorologista Raul Fritz: “A previsão de maior prazo para essa região ainda é, tecnicamente, de baixa previsibilidade. Mas o que se espera é a continuidade de elevadas temperaturas, momentos de baixa umidade do ar alternado com elevação da umidade e sensação térmica alta, principalmente próximo à ocorrência de chuvas, amenizando um pouco essas condições logo após essas ocorrências, por um breve período de tempo”, enfatiza. Ele afirma, inclusive, que a incidência de queimadas é elevada na região pelas condições meteorológicas favoráveis a isso e pela cultura da prática do uso do fogo para limpar o terreno, preparando-o para plantar quando vierem as primeiras chuvas.