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Urca desenvolve projetos voltados à comunidade surda
Iniciativa une inclusão e acessibilidade.
Foto: Divulgação
Joaquim Júnior
13/10/20 21:00

A Universidade Regional do Cariri (Urca) criou, no ano de 2016, o Núcleo de Acessibilidade da Urca (Nuarc), que impulsionou as políticas educacionais voltadas para este âmbito. Um ano depois, período em que a professora Rerbelânia Pereira iniciou os trabalhos na instituição, foi criado o Setembro Surdo, que realiza ações voltadas à comunidade surda. Tais atividades reverberam no decorrer dos meses, com o desenvolvimento de projetos com a Língua Brasileira de Sinais (Libras), que vão desde palestras e intervenções artísticas à criação de jogos inclusivos e revistas em quadrinhos.

Rerbelânia destaca nomes como Marlí Gavioli, John Peterson e Jean Peterson, pioneiros na educação de surdos e inspiração de conduta. Sobre a comunidade surda na região do Cariri, com cerca de 20 mil pessoas, ela diz ser muito forte e unida, com várias entidades associadas na luta pela inclusão e intervindo juridicamente quando necessário. Além delas, há outras entidades e pastorais que desenvolvem trabalhos junto da Comunidade Surda.

Como destaca a professora, embora tenham ocorrido avanços tanto nas comunidades surda e acadêmica, ainda é necessário um trabalho social voltado para divulgação da língua e cultura dos surdos, pois são as barreiras sociais enfrentadas por eles que impõem limites, não a surdez em si. “Precisamos de políticas linguísticas, como a implementação de uma escola bilíngue para surdos aqui no Cariri. Essa é a principal pauta da nossa comunidade”, enfatiza.

Existem várias maneiras de apoiar uma causa: as empresas e instituições devem contratar mais profissionais surdos e tornar as empresas acessíveis; acompanhar canais e materiais de Libras, que podem ser encontrados gratuitamente na Internet, onde é possível encontrar cursos gratuitos de Libras, introdução à interpretação, cultura surda, entre outros. “Meus alunos criaram um instagram para compartilhar essas dicas e informações @librasalunosdarerbi”, comenta. “A língua é um bem imaterial e faz parte de quem nós somos. Quando você desrespeita a língua, também está ferindo o povo que a utiliza. A Libras é a língua materna do surdo, aquela que ele se identifica culturalmente. Aprenda Libras”, finaliza.

HQ em Libras

Após pesquisarem sobre personagens surdos e deficientes auditivos presentes nas HQ’s, os estudantes do curso de Artes Visuais da Urca, Gesica Natamniele e Lucas Francelino, construíram um informativo a fim de divulgar o tema nas redes sociais. “A HQ ‘Mãos Atômicas’ é composta de um episódio piloto, onde se representa dois super heróis surdos que fazem leitura labial e o uso da Língua Brasileira de Sinais para se comunicar. Os poderes partem dos sinais da Libras, enfrentando vilões ouvintes e que fazem uso da língua portuguesa, criados a partir de conceitos que existem na vida real”, explicam.

Os artistas acreditam que a representatividade se faz importante para que as pessoas aprendam  sobre a comunidade surda, sobre a língua materna dela e o verdadeiro significado do Setembro Surdo. A intenção é dar sequência no projeto. “Estamos trabalhando, agora, na audiodescrição e escrita braile. Assim, as pessoas surdocegas também terão acesso a esta produção, que, além de tudo, pode ser usada como material didático no ensino de Libras como língua materna ou segunda língua”, finalizam Gesica e Lucas, que divulgam os projetos no perfil @zumenx2, no Instagram.

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