Celebrado em 10 de agosto, o Dia Internacional das Altas Habilidades/ Superdotação reconhece e enaltece pessoas que possuem tais formas de aprendizado e talentos. A data valoriza pessoas como o pequeno Luiz Rafael de Meneses Belém, de nove anos, natural de Barbalha e morador do Crato. Entre mais de um milhão de inscritos, ele foi uma das 12 crianças selecionadas para integrar grupo do Programa Sócios-Mirins da Associação dos Engenheiros do Instituto Tecnológico de Aeronáutica (AEITA).

Como explica Isabella Callou, psicóloga e analista do comportamento, uma pessoa com Altas Habilidades e Superdotação (AH/SD) pode apresentar alto potencial, de forma isolada ou combinada, nas áreas intelectual, acadêmica, liderança, psicomotricidade e artes. “Dito de outra forma, uma pessoa que apresenta AH/SD pode apresentar desempenho superior, quando comparado aos seus pares, em uma ou mais áreas de conhecimento”, relata a profissional, que conta que o diagnóstico pode envolver equipe multidisciplinar (psicólogo, pedagogo e outros profissionais da saúde e educação) com a aplicação de testes e escalas específicas. Para isso, são realizadas observações e avaliações diretas e entrevistas com familiares e equipe escolar.

“Crianças com AH/SD podem apresentar maior facilidade em aprender novos assuntos e aplicar esses conteúdos e ambientes diferentes. Podem apresentar um engajamento diferenciado em atividades intelectuais fora dos ambientes nos quais essa exigência é mais evidente (escola, por exemplo). Elas podem também ter uma capacidade diferenciada em solucionar problemas de forma criativa, pouco convencional”, menciona Isabella Callou.

Ela ainda conta que, de forma adicional, as crianças com AH/SD podem ter um senso crítico e curiosidades apuradas sobre diferentes áreas de conhecimento (matemática, ciências, jogos e artes, por exemplo). No que se refere às habilidades sociais, elas podem apresentar empatia e habilidades de liderança diferenciadas. “Ao perceber essas características, a família pode buscar apoio profissional para confirmar ou descartar o diagnóstico. Porque somente assim a criança poderá ter acesso ao suporte emocional e educacional necessário”, completa Isabella.

Pequeno gênio

Foi justamente ao observar os primeiros sinais de superdotação do pequeno Luiz Rafael, ainda em casa, que a família dele buscou apoio profissional. Como conta Diana Lima, mãe do garoto, ele tinha por volta dos três anos de idade quando começou a ler de forma espontânea palavras complexas. Por volta dos quatro anos de idade, esses sinais foram se intensificando: ele começou a se destacar por ter uma excelente memória de longo prazo, falar inglês com fluência, ler textos sozinho e trabalhar com números de três e quatro dígitos com muita facilidade. “Então, no ano seguinte, decidimos procurar uma neuropediatra e uma psicóloga,  especialista em altas habilidades e superdotação, para compreendermos melhor alguns comportamentos do Luiz Rafael e começarmos um processo de identificação”, relata.

Depois de meses de investigação, através de  anamnese com a família, professores e profissionais de saúde e da aplicação de testes específicos para esse fim, a identificação para altas habilidades e superdotação foi confirmada.  “Com isso, descobrimos que, diante de vários perfis de superdotação que existem, o Luiz se enquadra no perfil acadêmico e  no produtivo-criativo. A partir disso, pudemos compreender melhor alguns comportamentos, a oratória rebuscada para uma criança e as necessidades educacionais do nosso filho”, explica Diana.

A família, então, solicitou à escola onde Luiz Rafael estuda a realização do processo de aceleração dele para que ela se adequasse às suas reais necessidades educacionais, conforme orienta a LDB/96. “Hoje, o Luiz se destaca nas áreas de astronomia, ciências, matemática, robótica e inglês. Participa de Olimpíadas Científicas Nacionais e Internacionais, ganhando destaque nesse cenário, e faz enriquecimento curricular através da Amplexo Educação, uma escola que acolhe e compreende a criança superdotada de uma maneira ímpar, na figura da professora Clarissa Vergara e seus colaboradores. Além disso, participa do Clube NicolinhaKids que oferece cursos, palestras e atividades voltadas para as áreas de ciências, matemática, engenharia, tecnologia e artes. Com todo esse suporte educacional extra, o Luiz pode voltar a sorrir e ampliar de maneira significativa seus conhecimentos e oportunidades”, destaca a mãe.

Aprovação no AEITA

De acordo com Diana Lima, Luiz Rafael é apaixonado por aviões desde pequenino, e conhecer o Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA) e o Polo Aeroespacial sempre foi um sonho para ele. Isso será possível graças à aprovação no Programa Sócios-Mirins da Associação dos Engenheiros do Instituto Tecnológico de Aeronáutica (AEITA). “Então, quando ele recebeu o resultado de uma seletiva tão concorrida e difícil (visto que foi dividida em várias fases e levando em consideração vários aspectos acadêmicos e pessoais), para ele foi um momento de extrema alegria e satisfação, pois como ele bem diz: ‘um sonho nunca morre e agora vou realizar o meu’”, conta, orgulhosa, a mãe.

Ela diz que, enquanto família, a aprovação do filho foi um momento, primeiramente, de agradecimento a Deus, pelo dom da vida, visto que desde o início todos os passos dele foram marcados por muita superação. Assim, olhar para Luiz Rafael realizando sonhos e alçando voos tão grandes enche a família de orgulho e gratidão. “Em segundo lugar, foi um momento de muita felicidade por ele ter seus talentos reconhecidos por uma instituição de excelência e poder encontrar seus pares através desse projeto grandioso voltado para estimular a vontade de fazer ciência e o prazer de aprender em crianças e jovens brasileiros”, conclui Diana.