A cada cinco dias, uma menina entre 10 e 14 anos dá à luz no Cariri, somando 74 nascimentos ao longo do ano passado. Em 2024, Juazeiro do Norte liderou o ranking regional, com 21 casos de maternidade nessa faixa etária. Em seguida, aparecem Crato e Mauriti, com seis registros cada, além de Brejo Santo e Jardim, que contabilizam cinco ocorrências cada uma. 

Os dados evidenciam um cenário preocupante, marcado por riscos significativos à saúde de meninas ainda em fase de desenvolvimento e de seus recém-nascidos. Entre os 29 municípios caririenses, sete não registraram casos de gravidez infanto-juvenil em 2024: Altaneira, Aurora, Granjeiro, Jati, Lavras da Mangabeira, Nova Olinda e Tarrafas.

As situações de vulnerabilidade social e econômica estão entre os principais desafios enfrentados pelas gestões municipais na prevenção da gravidez na adolescência, “especialmente em áreas mais periféricas, com menor cobertura de assistência social”, conforme aponta Quitéria Magalhães, diretora da Atenção Primária à Saúde de Juazeiro do Norte. Quitéria também aponta barreiras culturais e o estigma social como entraves para que adolescentes busquem ajuda, “dificultando que jovens procurem atendimento ou orientação, seja por falta de informação ou receio de julgamento”.

Prevenção e acolhimento

Em Juazeiro do Norte, diversas estratégias são adotadas para reduzir a gravidez na adolescência. Entre elas, destacam-se oficinas voltadas para a educação em saúde nas unidades básicas de saúde, além de palestras em escolas e comunidades, “para orientar adolescentes sobre sexualidade, direitos reprodutivos e métodos contraceptivos”, explica Quitéria.

A cidade também atua por meio da Estratégia Saúde da Família, com agentes comunitários que identificam gestantes adolescentes e oferecem orientação precoce, incluindo planejamento familiar e encaminhamento para os serviços de saúde. Além disso, o município aderiu à Rede Alyne, programa federal que facilita o acesso a exames, pré-natal e atendimento humanizado a jovens gestantes.