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Governo e empresários unem forças diante de tarifaço de Trump
Entre as medidas, os governos discutem negociação com novos mercados
Foto: Ascom Complexo Industrial e Portuário do Pecém
Joaquim Júnior
05/08/25 0:00

Tem início, nesta semana, a taxação de 50% sobre produtos brasileiros, imposta pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Conforme decretado pelo republicano, tarifas adicionais de 40% se somam aos 10% já existentes e entram em vigor nesta quarta-feira (6). Cerca de 700 produtos nacionais estarão livres da tarifa extra, como produtos agrícolas, de uso pessoal, polpas e sucos. No Cariri, poderes público e privado se unem para contornar a situação, diante de possíveis impactos decorrentes do tarifaço.

Dados do Observatório da Indústria do Ceará apontam que, do Cariri, os municípios de Crato, Brejo Santo, Juazeiro do Norte, Barbalha e Araripe exportaram mais de US$ 5,5 milhões (de dólares) para outros países no primeiro semestre de 2025. Deste total, mais de US$ 3 milhões foram para os Estados Unidos. De origem caririense, os produtos mais exportados para os EUA são mel natural; gengibre, açafrão, cúrcuma, tomilho, ouro, café e outras especiarias; sumos de frutas ou de produtos hortícolas.

“De acordo com os dados de 2025, os produtos exportados por algumas cidades do Cariri ficaram de fora do tarifaço, ou seja, teremos o impacto reduzido nessas exportações”, menciona Rita Arrais, economista, ao dizer que, por outro lado, é importante destacar que o ideal é buscar novos mercados, a fim de diversificar a cartela de  países compradores. A curto prazo, como destaca, evitará transtornos maiores, caso a tarifa desses bens acompanhe a proposta pelo governo americano.

A economista acredita que o impacto no mercado caririense não seja tão forte quanto no mercado de produção de café e de proteína animal, por exemplo. “A região Nordeste possui um vasto mercado nacional e, também, com as novas configurações geopolíticas, a China desponta como um mercado forte para os produtos regionais e nacionais”, afirma. Além disso, ela aponta que uma das formas que pode ajudar para que não haja desemprego e crise na economia, em níveis nacional e regional, é a possibilidade de encontrar novos mercados, tanto na Europa como na Ásia.

Assim como a economista, o empresário e presidente do Sindicato das Indústrias de Calçados e Vestuário de Juazeiro do Norte e Região (Sindindústria), Abelito Sampaio, acredita que as empresas locais não serão tão impactadas a princípio com essas medidas – “a não ser aquele impacto em segundo plano, porque haverá muitas empresas que serão prejudicadas, com mais desemprego”, cita, ao dizer que isso é uma cadeia que vai se replicando. “O que a gente já vinha fazendo desde o anúncio foi se unir com entidades - a nível nacional - para fazer uma pesquisa segmentada de quais indústrias seriam impactadas para mapear uma pauta de reivindicação junto ao Governo. Isso está sendo feito através da Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados)”, explica.

O governador do Ceará, Elmano de Freitas, recentemente participou de reunião, em Brasília, com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, para discutir medidas necessárias ao apoio dos setores produtivos cearenses. Segundo Elmano, algumas sugestões foram apresentadas na reunião, para que sejam apresentadas ao Governado Federal. As medidas, de acordo com ele, possibilitam apoio às empresas para manterem a competitividade e para que não haja a perda de produtos.

“Queremos ampliar, inclusive, essa possibilidade e esse mecanismo. Para isso, precisaremos, provavelmente, ter mudanças de legislação. Então, apresentamos ao ministro uma proposta de mudança de legislação, que permite que o Estado e os municípios possam ajudar setores produtivos no país, especialmente também no Ceará, para aliviar esse momento de dificuldade dos nossos empresários”, afirmou Elmano. A busca pelo fortalecimento de novos mercados e a compra de mercadorias, principalmente perecíveis, para serem utilizadas em programas sociais e equipamentos públicos do Estado também são estratégias estudadas. “O momento é de união de todos nós, que queremos o bem do estado”, enfatiza o governador.

Exportações no Ceará

Em todo o Estado, de acordo com a Federação das Indústrias do Estado do Ceará (Fiec), US$ 556,7 milhões foram exportados para os Estados Unidos no primeiro semestre de 2025. “Atualmente, mais da metade das exportações cearenses (51,9%) tem os EUA como destino, percentual que coloca o Ceará como líder nacional em participação proporcional no comércio bilateral. No conjunto do Brasil, os Estados Unidos respondem por apenas 12,1% das exportações totais”, apresenta a Fiec, ao mostrar que esse protagonismo está fortemente concentrado, já que mais de 76% das exportações do Ceará para os EUA correspondem a produtos semimanufaturados de aço, como placas e ligas metálicas.

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