A irritação do Abolição com o comportamento do senador Cid Gomes só cresce a cada dia. Até o ministro Camilo Santana, que sempre passa pano para as críticas de Cid Gomes ao PT, tem andado irritado com as suas declarações. Camilo tem indagado sobre a veracidade das contas de Cid Gomes, que o PSB elegerá o maior número de prefeitos, e assim será o maior partido do Ceará. O PSB lançou 96 candidatos a prefeito. Bem perto está o PT, que lançou 91 prefeitos. Nem essa proximidade na diferença de candidaturas entre PSB e PT inibiu Cid Gomes de cravar que levará a melhor contra as pretensões do líder do Governo Lula, deputado José Guimarães, de fazer o PT a grande referência partidária do Ceará. E, assim, alavancar a sua pretensão de ser candidato ao Senado em 2026. Cid Gomes trabalha intensamente para atrapalhar os sonhos de Guimarães e, principalmente, de impedir a reeleição do governador Elmano. E a razão para essa determinação é fácil de explicar: Cid Gomes quer ser candidato ao Governo do Ceará. Quer sair das urnas deste ano cacicado para emparedar o presidente Lula e o ministro Camilo, para promover uma troca: ele concorre a governador e Elmano assume sua vaga de candidato no Senado. Mas esse otimismo de Cid Gomes é arriscado: mesmo que o PSB eleja mais prefeitos do que o PT, esses eleitos não são necessariamente cidistas. Na verdade, se declaram como camilista e elmanistas. Favorito para conseguir se reeleger, Átila Câmara fez questão de ressaltar no final de semana, que o Ceará quer Elmano reeleito daqui a dois anos. Sim, Átila Câmara é filiado ao PSB. Como ele, há muitos outros prefeitos e candidatos socialistas que não seguirão Cid Gomes, se ele quiser romper com Lula, Elmano e Camilo.

Camilo desmonta contas otimistas de Cid Gomes
Esses cálculos de Cid Gomes, apontando antecipadamente o PSB como o grande vencedor das eleições deste ano, são mais bem explicados pelo próprio ministro Camilo. Em conversas reservadas com seus mais próximos aliados, Camilo não rebate que o PSB possa eleger o maior número de prefeitos em outubro. Nem que o PSB saia das urnas como o maior partido no Ceará, superando o PT. Dito isso, Camilo até admite esses resultados possam ser verdadeiros. Porém, contesta que esses prefeitos eleitos, mesmo filiados ao PSB, sejam liderados por Cid Gomes. Nas contas de Cid Gomes, o PSB fará mais de 50 prefeitos num cenário positivo, e mais de 40 num quadro mais negativo. Aceitando esse quadro sobre prefeitos eleitos, o ministro Camilo dispara: “fora Quixeramobim com Cirilo Pimenta, Sobral com Izolda Cela, Camocim com Betinha Magalhães e Brejo Santo com Gislaine Landim, nenhum prefeito segue Cid Gomes para um enfrentamento eleitoral contra o governador Elmano”. O outro prefeito vinculado a Cid Gomes, o próprio Camilo aponta: “Roberta Cardoso, candidata do prefeito Bismark Maia em Aracati”. Contudo, Roberta, se ganhar, não é do PSB. É filiada ao Podemos, a legenda que pode abrigar Cid Gomes em 2026, na sua corrida eleitoral para governador. Até o PSB, presidido pelo pai de Camilo, Eudoro Santana, não tem espaço para uma candidatura de Cid Gomes contra Elmano de Freitas.

Camilo convencido da candidatura de Cid Gomes
O ministro Camilo não é fácil de ser convencido e mudar suas convicções. Diante da amizade incontestável com o senador Cid Gomes, Camilo sempre acreditou que a montagem da chapa majoritária não o colocaria em confronto com Cid Gomes. Acreditava ser consensual o apoio à reeleição ao governador Elmano. Entretanto, nas últimas semanas, em suas conversas, mesmo não querendo brigar, Camilo tem confessado que Cid Gomes tem mesmo sinalizado seu desejo de disputar o governo do Ceará. Camilo demorou a crer nisso. Resistiu aos comentários de petistas que o avisaram das declarações contraditórias de Cid Gomes, além da contundência dele em desqualificar o PT o tempo todo. Isso ocorreu novamente, na última quinta (22), em Quixeramobim. Durante comício do prefeito Cirilo Pimenta, Cid Gomes fez duras críticas ao PT, que quer ser sempre apoiado, no entanto se recusa a apoiar melhores candidatos de legendas aliadas. Esses ataques e outros anteriores de Cid Gomes foram apresentados ao governador Elmano. Em todas essas ocasiões, Elmano repetiu a mesma ladainha: “Quem cuida de Cid é o ministro Camilo. Cabe a Camilo conversar e resolver com Cid. Não me envolvo nesse assunto”. O assunto Cid Gomes é assim, uma responsabilidade do ministro Camilo.

Cid Gomes joga com PT para criar conflito interno
A ordem do Abolição ao presidente do PT, Antonio Conim, é não aceitar as provocações de Cid Gomes. E acompanhar os passos dele. Agora mesmo, pegou mal a atitude de Cid Gomes não comparecer à inauguração do comitê de Evandro Leitão, no sábado, em Fortaleza. É impressionante como Cid Gomes insiste em demonstrar publicamente a sua oposição ao nome de Evandro. Não agendou, até agora, a sua ida a nenhum evento da campanha de Evandro. Não foi à convenção e nem a abertura do comitê central. Para dizer que não estava se confrontando com governador Elmano e ministro Camilo, compareceu no mesmo sábado, ao Cariri, para realizar com Fernando Santana uma caminhada Juazeiro do Norte. No mesmo dia, resolveu pacificar a relação familiar: ao lado do sogro, Leitão Moura, foi ao Crato pedir votos para a candidatura de André Barreto à prefeitura do Crato. Lógico, que o Abolição gostou da ida de Cid Gomes ao Cariri reforçar as campanhas de Fernando e André Barreto. Mas, avalia que essa presença poderia ser feita numa data que não impedisse Cid Gomes estar presente na festa de Evandro Leitão. Era muito simples: bastava Cid Gomes compatibilizar sua agenda, prestigiando Fernando Santana e André Barreto, porém mostrando o seu apoio à candidatura de Evandro Leitão.

Camilo antecipa presença no Cariri e em Fortaleza
O ministro da Educação, Camilo Santana (PT), não vai esperar a reta final das campanhas na região do Cariri e na capital, Fortaleza, para fazer a sua parte. Camilo antecipou suas férias e, a partir da próxima semana, já deve estar mergulhado nas campanhas dos aliados: Evandro Leitão, Fernando Santana, André Barreto e Guilherme Saraiva. A prioridade de Camilo é o triângulo Crajubar e Fortaleza. Camilo vai se afastar temporariamente do Ministério e das discussões nacionais, e não esconde a sua preocupação com os colégios que considera vitais para a continuação do seu projeto político no Ceará. Camilo é a maior liderança do Ceará na atualidade, e quer usar seu prestígio para alavancar as candidaturas de aliados fundamentais ao seu projeto político, que visa reeleger o governador Elmano e garantir o Ceará como uma base sólida para um projeto presidencial incerto do ministro Camilo. Afinal, Lula pode disputar à reeleição. Se resolver desistir, Camilo é, ao lado do ministro Fernando Haddad, as opções do próprio Lula e do PT.

Eunício quer entrar na briga pela presidência da Alece
Há um esforço em negociar a entrada do deputado estadual Danniel Oliveira (MDB), na corrida pela presidência da Assembleia Legislativa do Ceará, no próximo ano. Eunício mostra alinhamento político ao projeto do PT, do ministro Camilo, em diversos municípios cearenses. E não esconde ser contrário ao desejo do senador Cid Gomes, de voltar ao Abolição. Eunício tem tensionado com Cid Gomes, que tem enfrentado os petistas em vários municípios do Estado e não esconde o objetivo de manter o PSB, seu partido, como a principal sigla após as eleições. Esse objetivo de Cid Gomes se confronta com os interesses do ministro Camilo, de garantir uma reeleição tranquila ao governador Elmano. Cid Gomes poderia buscar uma vaga para se reeleger senador. Contudo, já disse a Camilo que não pretende ser candidato de novo ao Senado. Ciente da possibilidade desse espaço livre na chapa majoritária de Elmano, Eunicio tenta se cacifar para ocupar esse lugar. Tanto, que articula a favor de fazer Daniel Oliveira seu substituto, de olho na vaga de senador em 2026.
 
Disse me disse:
Prefeito Glêdson Bezerra terá reforço das lideranças estaduais dos partidos aliados como PDT, União Brasil e PSDB, em sua campanha à reeleição.

Na briga pelo tempo de TV e rádio, o prefeito Glêdson leva uma pequena vantagem sobre Fernando Santana.

A Justiça Eleitoral rejeitou a coligação da Federação PSOL-Rede com o PT de Fernando Santana.
 
Giovanni Sampaio assumiu o enfrentamento nas redes sociais contra defensores da candidatura do prefeito Glêdson.

O vice-prefeito Giovanni Sampaio é um dos principais articuladores de Fernando Santana. Suas posições têm peso junto ao ministro Camilo.
 
Giovanni tem desafiado vários opositores e apontado erros na gestão de Glêdson. E muito otimista, faz um cálculo exagerado: aposta que Fernando ganha com 40 mil votos de maioria.
 
No Crato, Avante e Agir estão sob judice. A convenção foi questionada pela coligação de André Barreto, que acusa erro na composição da Ata.
 
As candidaturas a vereador podem ser prejudicadas. Já existe um parecer do Ministério Público Eleitoral para barrar a coligação com o União Brasil.

Desculpe a ignorância, o senador Cid Gomes vai ter coragem de romper com o governador Elmano, e se lançar candidato a governador em 2026?