Os desafios do novo Secretário de Segurança Pública do Ceará no Cariri
Foto: Ascom gov.
11/06/24 14:17

Os maiores desafios para o delegado Roberto Sá, novo Secretário de Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS) do Ceará, passam pela capital e chegam ao Cariri. O novo chefe da Segurança assume a pasta, sob pressão dos altos índices de homicídios e a atuação das facções criminosas no Estado.

A existência de atividades ilícitas advindas de facções são as principais causas da alta taxa de crimes violentos na região.  Atualmente, três grandes facções atuam no Cariri: Comando Vermelho, PCC e GDE. Dentro desse cenário, a depender da cidade - Crato, Juazeiro, Barbalha ou outras -, existe grupo que é mais forte, com um maior poder de armamento, pessoal e de território. É o que explica a advogada Criminal e presidente da Comissão de Direito Penal da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) - subseção Juazeiro do Norte, Danila Mendes.

Geralmente, as facções se instalam nas comunidades mais carentes e interferem no cotidiano das pessoas. “Elas acessam esses lugares economicamente, na saúde, na venda de drogas, com repressão e violência. Isso ultrapassa a zona da periferia, vem para as demais áreas da cidade e ocasiona a disseminação da violência”, explica a advogada.

Um dos principais desafios do Estado e do novo secretário da SSPDS, Roberto Sá, é combater as ações desses grupos que atuam por meio de um grande sistema. Em discurso de posse, Roberto Sá disse que o objetivo inicial é diminuir o número de homicídios e aumentar a presença de policiais nos municípios, com ações estratégicas e integradas em todo o Estado.

A presidente da Comissão de Direito Penal da OAB diz que essas ações apenas amenizariam o contexto, porque o cenário é crescente e não tem uma previsão para se acabar. “A gente ainda engatinha muito nesse sentido de evoluir ao ponto em que as organizações criminosas estejam extintas. Ainda temos passos de formiga nesse caminho”, completa.

Sistema penitenciário

A superlotação e falta de infraestrutura mínima nos presídios são falhas no sistema penitenciário identificadas por especialistas em Segurança Pública. Para Danila Mendes, outra falha são as prisões que resultam em futuros membros de facções. “Então, a gente manda uma massa para dentro do sistema penitenciário e essa massa aumenta as facções. Eles recrutam essas pessoas. Eles têm dentro e eles têm fora, e quem está dentro, um dia sai e acaba dando continuidade ao sistema”, explicou.

Para a integrante da Comissão de Direito Penal, acabar com as facções é uma utopia. “Porque é um grupo que perde o braço, mas não perde o sistema. São bem organizados e estruturados", explica. Os investimentos em inteligência, em concursos públicos que aumentem o grupo de força tática do Estado, e em treinamento e capacitação, para que esses agentes estejam preparados podem ser uma solução. “Realmente, existe uma guerra na qual a gente não faz ideia da extensão ainda, mas é uma situação permanente, que tende a crescer porque a gente tem uma desigualdade social muito grande”, apontou.

Sobre ações preventivas a serem tomadas pelo Estado seria o investimento em educação, com a mesma medida que se investe em segurança. “Porque uma população com educação, ela tem oportunidade de emprego, ela consegue ter o seu próprio sustento e ela não fica a mercê de oportunidades fáceis que as facções acabam promovendo. O dinheiro fácil leva os jovens para esses grupos”, lamentou a advogada.

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