Desde que realizou a primeira edição, o projeto Foto Síntese – Semana de Fotografia da Universidade Federal do Cariri (UFCA) se propôs a discutir temas ligados à imagem, memória e vivências. Na sexta edição, que acontece entre os dias 14 e 16 de setembro, a discussão será em torno das “Imagens do Sertão: visualidades plurais”. Por conta da pandemia de covid-19, em que a orientação dos órgãos de saúde é evitar aglomerações, o evento acontecerá de forma remota.

Entre as presenças confirmadas na programação, está a do professor Rubens Venâncio, da Universidade Regional do Cariri (Urca). Na participação dele, que acontecerá junto ao fotógrafo mineiro Nilmar Lage, a live discutirá sobre o encontro de sertões. “Vou falar de uma experiência de construção visual, a partir da fotografia, que se deu em dois sertões do Ceará: Inhamuns e Cariri. E Nilmar vai falar de uma perspectiva de experiência fotográfica a partir do sertão de Minas Gerais”, explica.

A conversa tem como bases as particularidades de cada sertão, possíveis aproximações existentes entre as falas e o entendimento que o sertão existe além do Nordeste – aí Rubens lembra o clássico livro “Grande Sertão: Veredas”, de Guimarães Rosa. “Dessa discussão sobre sertão, a gente vai fazer uma análise que vai passar por questões culturais e sociais também”, relata o professor, ao dizer que uma delas é que o sertão deve ser olhado a partir da própria produção de saberes, conhecimentos e de práticas. Ele explica que, principalmente sobre os sertões do Nordeste, incidiu sobre muito tempo, na produção intelectual brasileira, a imagem de um sertão nordestino com imagens estereotipadas que vieram, principalmente, do Sudeste e do Sul. “Onde essa produção intelectual perde de vista toda produção que foi elaborada de dentro dos sertões do Nordeste para fora, que é realmente a que deve ser considerada”, completa.

Diante disso, a organização do evento enfatiza que o sertão nordestino, aos de fora, sempre foi visto como o lugar do incerto, do risco ou da ausência de civilização. “A caracterização do Sertão como carência e perda ficou muito comum entre os exploradores e consolidada posteriormente pela mídia de base sudestina. A riqueza e complexidade de sua natureza e práticas culturais foram, muitas vezes, tratadas como ausência”. A ideia, então, é pensar tanto a potência como a pluralidade das visualidades do sertão, mais notadamente a fotografia.Nomes como Emanoella Callou, Adriana Botelho, Lícia Maia, Ythallo Rodrigues e Alexandre Barbalho também já foram confirmados no evento. Mais informações no site ou http://fotosintese.ufca.edu.br/ ou perfil do evento no Instagram https://instagram.com/foto.sintese_ufca?igshid=1wrkosmaajnel.