Grupo Nossa Senhora Aparecida celebra tradição de Guerreiros
Grupo é composto em sua maioria por mulheres, que dançam as peças alagoanas
Foto: Joaquim Júnior/ Jornal do Cariri
Joaquim Júnior
19/09/23 11:30

Tradicional de Alagoas, o Guerreiro é uma manifestação cultural que atravessou a divisa entre os estados e aportou no Cariri cearense há décadas. A Mestra Margarida, que passou a morar em Juazeiro do Norte ainda na infância, é considerada a matriarca de todos os Guerreiros que nasceram desde então. Atualmente, o Guerreiro de Nossa Senhora Aparecida, criado no ano de 2012, é um dos grupos locais que mantêm viva essa tradição cultural no município.

Foto: Joaquim Júnior/ Jornal do Cariri

Os ensaios são realizados na Escola Lili Neri e na sede do grupo, ambos no bairro João Cabral. O grupo é comando pelo Mestre Cosmo Lima e, desde que surgiu, em 2012, é formado por mulheres, de crianças a mulheres – inclusive parentes da Mestra Margarida. Segundo o Mestre, o nome do grupo nasceu em homenagem a Nossa Senhora Aparecida, que é a padroeira do bairro. Junto aos Mestres Valdir e Tarcísio, nasceu o novo Guerreiro.

“O Guerreiro não canta Reisado. Ele canta Peça Alagoana”, explica Mestre Cosmo. A diferença, conforme explicou, é que o Reisado puxa variados elementos, enquanto o Guerreiro puxa mais para o baião, a baianada. Como mencionou, ele se sente honrado em afastar crianças das ruas e incentivá-las na cultura e na educação. “A cultura é uma aula, mas, sem aprender a ler e a escrever, a gente não vai mais aprender o que é cultura”, pontua o Mestre, ao pedir que ONGs e todos valorizem a cultura popular.

Grupo criado por Mestre Cosmo homenageia Mestra Margarida (na pintura, ao fundo). Foto: Joaquim Júnior/ Jornal do Cariri

Atualmente, o grupo possui cerca de 20 brincantes e já se apresentou em espaços como a Mostra Sesc, em escolas e em outras cidades do Cariri. “E pretende cruzar divisas e fronteiras, sempre mostrando que ‘esse Guerreiro é de moças, Mestre, tem que respeitar!’”, conta a arquiteta e urbanista Cecília Rossé, produtora cultural do grupo.

“O Mestre repassa todos os elementos do Guerreiro, como a dança, as peças, cria as vestimentas, com destaque para as coroas, representando as catedrais”, relata Cecília. “Com uma voz maviosa, ele puxa a peça e as mulheres acompanham: ‘guerreiro das mulheres do bairro João Cabral, quem comanda é Mestre Cosmo, brinca em toda região! Essas guerreiras são bambas do Ceará! É da terra de Meu Padim, ninguém pode derrubar!’”, cita a produtora, que, conforme informou, busca o reconhecimento do grupo com o Prêmio Rodrigo de Melo Franco, do  Instituto do Patrimônio e Artístico Nacional (Iphan).

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