Mediação em 2Rodas reúne cultura e mobilidade
Pedais são feitos pelas ciclofaixas, ruas, avenidas e trilhas no entorno da cidade
Foto: Divulgação
Joaquim Júnior
13/06/23 8:30

Imagine visitar espaços de memórias, igrejas e capelas, prédios históricos, terreiros de mestres da tradição popular e espaços gastronômicos em um passeio de bicicleta. É assim que o Mediação em 2Rodas é desenvolvido, desde julho de 2022, na Região Metropolitana do Cariri. A iniciativa de cicloturismo é da Oficina do B, que tem como foco o perímetro urbano da região Metropolitana do Cariri, surgiu da ideia de unir cultura e mobilidade ativa na região.

“O projeto tem como objetivo promover o desenvolvimento da cultura e identidade local através do uso da bicicleta”, explica George Belisário, idealizador do Mediação em 2Rodas. Os pedais/deslocamentos são feitos pelas ciclofaixas, ruas, avenidas e trilhas no entorno da cidade. Também são feitas outras atividades de incentivo e desenvolvimento à autonomia e à mobilidade ativa nas cidades.

“No primeiro ano realizamos a oficina de Mecânica Básica, lá no Café Refúgio. Neste mesmo dia foi inaugurado os dois paraciclos que o projeto doou para o local. Este ano, acabamos de realizar uma oficina com alunos da EEEP Paulo Barbosa Leite, em Caririaçu, onde falamos sobre direito à cidade, mobilidade ativa e patrimônio”, explica. 

A primeira temporada contou com cinco roteiros que priorizaram a cidade de Juazeiro do Norte, que incluíram salas de cinema de rua; Museu Orgânico do Mestre Nena; intervenções de arte urbana; e o caminho das igrejas na romaria. A segunda temporada já foi além: cordelteca de Josenir Lacerda e a coleção de bicicletas do seu Miguel, em Crato; Centro Histórico de Barbalha; caminho dos antigos, em Caririaçu; Condomínio Dona Bia e Parque Ecológico, em Juazeiro.

Como explica George, a curadoria busca dar a oportunidade às pessoas de reverem muitos locais que não tinham enxergado. “Além dos locais reconhecidos oficialmente, buscamos amplificar a voz de outros agentes que habitam as cidades. Vamos conhecer um museu, mas também vamos conhecer o trabalho de uma horta comunitária. A ideia é (re)descobrir os lugares em outro tempo, no tempo de pedalar e se divertir”, explica, ao citar que a pessoa tem uma experiência com a história do outro e, assim, constrói a sua também. “Como diz o arquiteto e urbanista Jan Gehl: a partir da observação, do ouvir e experienciar os outros, juntamos informações sobre as pessoas e a sociedade em torno de nós”, completa. 

Os roteiros são feitos mensalmente, em uma realização da Oficina do B e do Centro Cultural Banco do Nordeste (CCBNB) Cariri, com apoio de parceiros como o “Projeto Ciclos” e a “Nave – UFCA”, que são tocados pela professora Aglaíze Damasceno. George menciona que “esse colab de projetos e instituições pensa a mobilidade, ativa a releitura das cidades, do centro, dos bairros, dos seus moradores, sempre relacionado com o meio ambiente, mobilidade urbana e lazer. Buscam fazer valer a máxima do ‘Cidade para pessoas’”.

No último final de semana, o pedal foi pela Serra de São Pedro. Segundo George, os chamados brejos de altitude foram os locais escolhidos por muitos grupos humanos por conta de seu clima com temperaturas amenas e do desenvolvimento de uma flora mais exuberante. “Há indícios que por aqui, na Serra de São Pedro, passaram, como demonstra os artefatos arqueológicos encontrados nas áreas urbanas e rurais do município de Caririaçu, alguns desses grupos. Então, bora pedalar pelo caminho que os antigos trilharam e saber um pouco mais dessas e outras histórias”, finaliza.

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