Monólogo “Café à Brasileira” homenageia poesia de Fernando Pessoa
Espetáculo está em exibição durante o mês de março
Foto: Wandeallysson Landim
Joaquim Júnior
07/03/23 9:30

O monólogo Café à Brasileira, do artista Jeferson Vieira, está em temporada de exibição neste mês de março. A primeira apresentação ocorreu no último domingo (05), e é seguida por outras que ocorrerão nos dias 12 e 19, na Associação Dança Cariri, em Juazeiro do Norte. No dia 23, a peça segue para a capital, onde será apresentada no Centro Cultural Banco do Nordeste (CCBNB) Fortaleza.

No espetáculo, o personagem principal, após perder o irmão, descobre o universo literário de Fernando Pessoa e se encanta pelo Livro do Desassossego. Uma noite, ele resolve explorar os textos do livro e propõe jogos sensoriais à medida que os relê em situações inusitadas, passeando do dramático ao cômico

De acordo com Jeferson Vieira, “Café à Brasileira” foi criado após um períofo de reflexão quanto ao caminho que ele percorria em cena. “Precisava me movimentar e atuar, construir repertório, me desafiar, pensar e exercitar uma periodicidade da cena” conta, ao dizer que os pensamentos foram de encontro às ideias e experiências vividas por Vinicio de Oliveira, que abraçou a ideia junto a ele.

Jeferson começou a atuar ainda em 2015. A formação em Teatro, pela Universidade Regional do Cariri (Urca), veio em 2019. “Antes do Teatro eu não era ninguém, estava sem perspectiva de vida, e o Teatro me deu um norte”. Três anos depois, nascia o primeiro monólogo. A primeira ocorreu em novembro de 2022, na Casa Ninho, em Crato.

“Estou feliz, e feliz convido para que venham ser felizes comigo e partilhar dos meus sonhos e do meu trabalho ‘Café à Brasileira’, pois será um prazer receber vocês para tomar um café de pertinho. Para mais detalhes sobre meu trajeto profissional, me sigam no meu Instagram @jefersonvieiras_ ou acessem o meu site: https://producaojefersonvi.wixsite.com/website”.

O trajeto do artista

Ainda criança, Jeferson Veira já brincava de fazer arte: brincando de Globeleza na propaganda que do Carnaval, dançando com toalha na cabeça e botas de salto alto; fosse brincando com a prima, fazendo os gatos de estimação como filhos e constituindo uma família feliz; ou cantando ao chuveiro, tendo como público uma plateia imaginária imensa. “Esses e outros jogos dramáticos foram estabelecidos, e acredito ter se estendido até a adolescência numa perspectiva não mais de jogos dramáticos, mas através das relações socioculturais e políticas que foram se constituindo entre as minhas ações de investigar o mundo e os meus sentidos”, afirma.

No terceiro ano do ensino médio, no ano de 2014, iniciou aulas de teatro e se tornou membro da Trupe dos Pensantes, grupo de teatro do Crato/CE. Lá, estreou profissionalmente o espetáculo “Capitães do Asfalto”, pela direção de Jessica Lorenna. A partir desse momento, em que muitas coisas da vida começaram a fazer mais sentido para o artista, ele decidiu optar pela graduação em Teatro, na Universidade Regional do Cariri (Urca). “Basicamente, eu me identifiquei com a arte quando eu me encontrei no mundo através dela, e aí passei a crer em algo, na vida, em mim e, por consequência, na arte. É uma filosofia de vida, sabe?”, explica . Assim, ele concluiu a graduação no ano 2019. Porém, atua profissionalmente no mercado desde 2015 – em 2018, inclusive, criou a empresa Rizoma Produções Artísticas, pela qual mergulhou no mercado de trabalho, atuando em várias produções independentes nas diversas linguagens da arte: audiovisual, cinema, teatro e produção cultural.

De lá para cá, Jeferson já fez filme profissional, trabalhou com assistência de produção teatral e gravou profissionalmente algumas obras audiovisuais, a exemplo de “Todas as Vidas de Telma”, de Adriana Botelho, “Um corpo que trai, de Juliana Carvalho, “Se avexe não”, dirigida por Wislan Esmeraldo e Luciana Vieira; entre outras. “Eu costumo dizer que meu percurso artístico é uma criança, e eu estou tentando fazer ela caminhar sem cair, até uma hora se equilibrar e seguir o caminho com mais leveza. Antes do Teatro eu não era ninguém, estava sem perspectiva de vida, e o Teatro me deu um norte”, enfatiza.

Café à Brasileira

Jeferson conta que, uns dois anos antes de nascer “Café à Brasileira”, esteve bastante reflexivo quanto ao seu caminho na cena. “Precisava me movimentar e atuar, construir repertório, me desafiar, pensar e exercitar uma periodicidade da cena” - esses pensamentos coincidiram com as ideias e experiências vividas por Vinicio de Oliveira Oliveira, diretor e professor de Teatro, baiano, residente no Cariri em função do Departamento de Teatro da URCA. Juntos, desenvolveram o projeto que, segundo Jeferson, hoje “se propõe a difundir a obra de Pessoa, e por consequência acessar o outro, o espectador, de forma leve, indagando temáticas inerentes às questões humanas no que tange às sensações”.

O espetáculo foi ganhando corpo, de forma independente, tendo como parceria o grupo de estudos da URCA, Visualidades da Cena Cariri (VISUCCA), coordenado por Rodrigo Frota e Vinicio de Oliveira, tendo também como parceria a escola de ensino progressista Casa da Árvore, que tem como diretora Sunny Oliveira, e o Eco Circo Teatro Marias do Sertão, dirigido por Valéria Pinheiro.

Planos futuros

A ideia é de manter o espetáculo em temporada, seja de forma independente ou com apoios. Paralelo a isso, Jeferson transita profissionalmente junto ao mercado cinematográfico. “Por enquanto não integrei à indústria cinematográfica como ator, mas o anseio existe e tenho batalhado para isso, venho fazendo testes de elenco”, comenta, ao citar que, no início do ano, começou aulas de voz e canto na perspectiva da montagem de seu segundo monólogo, que terá a dramaturgia desenhada a partir de cartas pessoais de Dinho Lima, amigo artista visual local, de Juazeiro do Norte, sendo essas cartas recebidas entre as décadas de 80 e 90, de um grande amor dele que foi morar longe.

“A ideia é de não retratar a vida dele, mas de ter, como fonte inspiradora, escritos que comunicam por si só, afetos e desafetos em torno do amor e, para isso, quero muito experimentar o universo musical, cantando como ator. Se der tudo certo, a estreia deste segundo monólogo se dará em dezembro deste ano, ou meados do ano seguinte. Assim, posso dizer que tenho muito para produzir neste ano ainda, podendo dizer que isso inclui ainda melhorar Café à Brasileira e qualificá-lo ainda mais. Será um ano intenso. Eu acredito que será (está sendo) um ano de ascensão, em todos os aspectos, políticos, sociais, espirituais, financeiros”, conclui.

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