O medo da violência alcança a esfera política. Uma pesquisa encomendada pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública e Rede de Ação Política pela Sustentabilidade aponta que mais de 67% da população têm muito ou pouco medo de se tornarem vítimas de agressões físicas relacionadas às escolhas políticas no período que antecede as eleições 2022. No Cariri, a realidade não é diferente. Depredações de comitês, bate-bocas e até violência física estão entre as queixas na região.

Para o professor Antônio dos Santos Pinheiro, do Departamento de Ciências Sociais da Universidade Regional do Cariri (Urca), os índices da pesquisa são preocupantes e a resposta do que contribui para essa realidade está na história da formação da política. Como cita, esse processo no Ceará foi marcado pela predominância do poder oligárquico e coronelista. Diante do cenário atual, o professor afirma: “Nunca na história da nossa democracia assistimos a atos tão bárbaros como estes, que podem ser comparados aos de uma época medieval”, afirma, ao dizer que, com isso, “podemos afirmar, categoricamente, que a democracia brasileira sofre graves riscos de enfraquecimento”.

Para superar tais fatos, o que Antônio Pinheiro acredita não ser tarefa fácil, ele menciona que uma das ações importantes no atual cenário político, seria investir no controle sistemático sobre o uso das mídias sociais, diante da difusão das fake news. “E, antes de tudo, são importantes ações direcionadas para o respeito às diferenças em um contexto democrático, pois a existência de regras pacíficas de convivência é algo substancial para que a democracia exista como modelo de gestão de governo”, enfatiza.