Companhias de dança lançam novo espetáculo no Cariri
Apresentação de “Não é proibido pisar na grama” será nesta quarta-feira (20), às 18h
Foto: Pedro Lira
Joaquim Júnior
19/04/22 11:20

A dança nunca parou. E, agora, ela volta aos palcos, novamente, com o público como espectador. O momento, tão aguardado pela classe artística e pelos amantes da arte, ocorre após dois anos de isolamento social rígido imposto pela pandemia de covid-19. Para marcar a retomada, a Companhia Alysson Amancio e a Companhia Inspire apresentam, no teatro do Centro Cultural Banco do Nordeste (CCBNB), no Cariri, o espetáculo de dança “Não é proibido pisar na grama”, marcado para ocorrer às 18h desta quarta-feira (20). A distribuição do ingresso inicia às 13h do mesmo dia.

A diretora do espetáculo, Luciana Araújo, que é psicóloga, psicanalista em formação e artista da dança, conta que o percurso de pensamento do trabalho se deu entre sala de ensaio e livros de psicanálise. Ela conta que, por vezes, o imperativo de que "É proibido pisar na grama" lhe causou estranheza ao imaginar que, se a natureza está aí, por que a necessidade de tanto distanciamento, proibição e negação daquilo que faz parte de nós?

Desta forma, embasadas em livros e questionamentos que ganharam novos contextos e bases, muitas inquietações se lançaram no horizonte dela, de pesquisa entre arte, psicanálise e feminino. “Como a dança e a psicanálise, enquanto fazeres na contemporaneidade, dialogam com sociedade e cultura hoje? E, ainda para além, como afetam meu próprio pensar/fazer na arte e na clínica psicanalítica, sendo estes meus campos de atuação, criação e pesquisa?”, questiona Luciana, que é fundadora da Cia. Inspire e intérpret-criadora na Cia. Alysson Amancio.

A dança, o corpo e o feminino como linguagem e instrumentos políticos são temas de pesquisa desenvolvida por ela e, a partir daí, os interpretes-criadores, no caso três homens, são convocados, pelo olhar que ela possui, a pensar o feminino que os atravessa, que os constitui e os marca. “Erick Bruno, Alysson Amancio e Yago Gomes: três bailarinos convocados pelo olhar de uma mulher para falar de sua feminilidade.”, destaca a artista.

“Não é proibido pisar na grama” já foi apresentado no Festival Aldeia Princesa do Araripe, em Araripina, onde foi muito bem recebido pela plateia. Com a estreia em Juazeiro, a proximidade da apresentação traz consigo a ansiedade pela apresentação na terra natal. “Estamos ansiosos, com aquele frio na barriga em retornar ao palco, aqui na “nossa casa”, em poder dialogar com o público e sentir como será a recepção da plateia de Juazeiro a um trabalho que inquieta, mas que também acolhe”, explica Luciana. A apresentação acontece depois de um hiato nas apresentações com público, devido à pandemia de covid-19.

Enquanto a Cia. Alysson Amâncio seguiu com diversas atividades de criação de solos, lives, estudos do repertório, leituras de livros etc, a Cia. Inspire seguiu estudando. No período, esta criou um vídeo dança intitulado “(S)Em Mim, Saudade Também é Movimento”, uma releitura do primeiro espetáculo elaborado pela Inspire. “Na pandemia, perdemos importantes políticas públicas de fomento às artes, espaços de trabalho e etc, graças ao governo atual que vem sucateando as artes no país e matando nossa subjetividade. Resistimos na pandemia, ajudando na saúde mental de muitas pessoas que sofriam em isolamento domiciliar. Voltar ao presencial é um fôlego para continuarmos a luta e exigir nossos espaços de trabalho, investimentos na cultura e valorização do artista enquanto profissional. Seguimos produzindo, estudando e buscando espaços de trabalho, nunca paramos na verdade”, enfatiza a diretora.

Luciana deixa o convite para que prestigiem a estreia e ajudem a construir a dança, dialogar com a cultura e reivindicar tal espaço, tão importante na construção da sociedade. “Sempre peço que as pessoas façam o exercício de imaginar um mundo sem arte. E se o seu filme favorito não existisse? Aquela música que marcou um momento importante? A novela, a peça de teatro? O livro? O vídeo? Tudo é arte e é produzido por um artista ou vários… Então, é preciso que a importância de nosso trabalho seja reconhecida e que tenhamos espaço de trabalho e remuneração adequada por nosso trabalho! Então, venha ao teatro e apoie a arte e os artistas da sua cidade!”, finaliza.

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