Estudantes do curso de Medicina, da Universidade Federal do Cariri (UFCA), voltam a reivindicar a implantação de um Hospital Universitário (HU) para atender às necessidades práticas inerentes à formação de médicos (as). Nos dois últimos anos do curso, os estudantes têm contato com demandas de saúde reais, sob supervisão de profissionais médicos habilitados. O estágio de aprendizado é cumprido a partir de parcerias entre a UFCA e instituições públicas, privadas ou filantrópicas da região, a maioria em Crato, Juazeiro do Norte, Barbalha e Brejo Santo.

“Os estudantes da UFCA atuam em instituições de diferentes níveis de atendimento, desde as Unidades Básicas de Saúde (atenção primária) até os ambulatórios de especialidades médicas (atenção secundária) e hospitais (atenção terciária)”, explica a UFCA, em nota enviada ao Jornal do Cariri. A instituição acrescenta que opera em várias frentes para viabilizar o equipamento de ensino e saúde, “por meio da articulação de docentes ou de gestores da instituição junto aos atores políticos municipais, estaduais e federais”.

De acordo com o estudante Thalles Aguiar Nobre, presidente do Centro Acadêmico do curso de Medicina da UFCA, as discussões e reivindicações em torno da implantação de um HU são feitas há bastante tempo. “Para falar a verdade, ela se inicia com a implementação do curso aqui em Barbalha”, conta. Semana passada, no entanto, a iniciativa ganhou a adesão de vereadores barbalhenses, que farão uma audiência pública para debater o tema. “Instigaram-me com relação a isso, para que a gente trouxesse essa discussão aqui. É importantíssimo termos um centro de referência que atenda e que receba os nossos estudantes de Medicina aqui de Barbalha e do Cariri. A nossa faculdade de Medicina precisa oferecer mais à população”, considera o vereador Rildo Teles (PSDB), que solicitou a audiência.

Thalles Nobre enfatiza a fragilidade dos vínculos atuais entre o curso e as instituições que celebram convênio com a universidade. “Em resumo, se o hospital não quiser nos receber, não recebe. Passa muito pela vontade dos gestores das instituições de saúde da região, tanto públicas como privadas”, diz. A infraestrutura é um dos principais pontos relevantes para justificar a construção ou adaptação de um hospital para se tornar um equipamento de ensino prático de Medicina. Segundo Thalles, a estrutura do hospital conveniado não é preparada para receber os alunos, “e isso acaba refletindo na nossa formação. Os serviços não têm o ensino como razão de existir”.

Outro aspecto seria o atendimento à população caririense. Se, por um lado, haveria um benefício evidente para os alunos, um hospital universitário também beneficiaria a população. “Ele seria compartilhado com a sociedade caririense inteira. Sem dúvidas, a existência do HU ampliaria a rede de saúde e daria a oportunidade para que pacientes, sobretudo do SUS, tivessem uma atenção de rastreio das doenças e a chance de realizar tratamentos desde os mais simples até os que requerem um especialista e sem demorar tanto tempo em filas”, conclui o estudante Thales Nobre. Para a UFCA, o HU também ampliaria o escopo de pesquisas na área clínica, que “são muito mais profundas e robustas, se desenvolvidas em uma estrutura hospitalar bem montada. Nós poderíamos ter importantes avanços nessa área”, diz a instituição.

A própria UFCA enfatiza que a demanda pelo HU não é só dos estudantes do curso, mas da própria Universidade e de toda a Região do Cariri. Por outro lado, apesar de destacar “um enorme ganho para a Saúde caririense”, que a conquista de um HU seria, a universidade ressalta os investimentos necessários tanto para implantação, quanto para manutenção do hospital. “Para se ter uma ideia, o menor Hospital Universitário do Brasil tem custos operacionais mensais da ordem de R$ 20 milhões. Considerando 12 meses de investimento desse montante, o volume de recursos necessários para a implantação de um Hospital Universitário supera o orçamento total da UFCA inteira, por ano”. Isto explica, segundo a instituição, a estratégia do Ministério da Educação em manter convênios no lugar de construir hospitais próprios no momento.