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Reservas Particulares fortalecem preservação ambiental na região
Os municípios de Antonina do Norte e Saboeiro foram pioneiros entre as RPPN'S da região
Foto: Laryssa Gonçalves Leite
Joaquim Júnior
08/02/22 11:40

O Cariri tem registrado aumento no número de proprietários de terra que reconhecem o valor ambiental e aderem às Reservas Particulares do Patrimônio Natural (RPPN’s), categoria de Unidade de Conservação (UC). Na região, estão localizadas as RPPNs Oasis do Araripe I e II e RPPN Araça, em Crato; a RPPN Arajara Park, em Barbalha; as RPPNs Azedos e Buritis Águas Naturais, em Santana do Cariri; e a RPPN São Pedro, entre os municípios de Antonina do Norte e Saboeiro.

Andréa Moreira, orientadora da Célula de Conservação da Diversidade Biológica (Cedib) da Sema, explica que “as RPPNs são UC criadas em terras privadas urbanas e rurais, por ato voluntário do proprietário em caráter perpétuo”. O reconhecimento é feito pelo Poder Público, como uma estratégia para promover a conservação da biodiversidade, sem que haja desapropriação ou alteração dos direitos de uso da propriedade. Sob coordenação da Sema, o Programa estadual de apoio às RPPNs, que tem como objetivo apoiar proprietários de imóveis urbanos e rurais para a  instituição e implementação de RPPN no Ceará, possui 19 ações com foco em parcerias, fiscalização, capacitação, entre outras.

Como explica Andréa, de acordo com o previsto no decreto estadual, cabe ao proprietário da RPPN assegurar a manutenção dos atributos ambientais da UC e a sinalização de seus limites físicos, orientando visitantes e comunidades do entorno sobre quaisquer atos que impactem a integridade da RPPN;  submeter à aprovação da SEMA o Plano de Manejo da Reserva; encaminhar à Sema, sempre que solicitado, relatório da situação da RPPN e sobre as atividades nela desenvolvidas na UC.

Severino Parente e a esposa, Francisca Parente, têm o reconhecimento de duas Reservas com áreas conjugadas: Buritis Águas Naturais e Azedos, localizadas no Vale dos Buritis, em Santana do Cariri. Os espaços formam uma área com fontes de águas naturais, constituindo as nascentes do Rio Cariús. “Tem como destaque  as palmeiras Buritis nativas, bem preservadas, que, com seus frutos, se faz o doce de buriti, constituindo talvez a única área do Cariri onde estas palmeiras Buritis ainda existem de forma nativa e bem preservada. Tem outras espécies de flora e fauna específicas deste Vale, com um clima diferenciado”, explica Severino.

Diante de invasões e danificações no espaço, herdado de familiares do proprietário, surgiu a ideia de transformá-lo em Reserva Particular Natural para preservação e conservação. “Estamos deixando nosso legado para as futuras gerações, em prol da preservação e conservação da natureza, para sempre. Isto nos fortalece e nos motiva para trabalharmos o resto das nossas vidas cuidando destas áreas, cuidando da nossa saúde”, enfatiza Severino.

A geógrafa Aila Maria, geógrafa e filha dos proprietários da RPPN São Pedro, explica que a área que administra é uma Unidade de Conservação do bioma caatinga, localizada entre os municípios de Antonina do Norte e Saboeiro, margeada pelo limite do Riacho São Pedro. Pertencente ao casal Francisco Assis Cordeiro e Francisca Alves Batista Cordeiro, o espaço é de 8.844 ha e abriga uma biodiversidade da fauna como tatu, tamanduá, jacu, asa branca e rolinha. Em relação à fauna, estão presentes espécies como se angico, aroeira, catingueira, caroá, bromélias, mandacaru, entre outras.

O interesse no projeto, conforme relembra Aila, veio de uma afeição familiar pela natureza, pelo sustento tirado dela, bem como do despertar à preservação dos seus recursos, na certeza de diminuir os impactos da degradação causada e descobrir inovadores caminhos nesse relacionamento, agregando pessoas. “Escassez de água, elevação das temperaturas, diminuição da produção agrícola, perdas de vida por desabamentos, pandemias, são exemplos de que a sociedade necessita mudar não só sua visão sobre a natureza, mas sobre si mesmo. Não estamos desvinculados do ciclo da vida do planeta.  Reaprendermos e aprendermos a viver respeitosamente exigem esforços coletivos, uma práxis; pensar, fazer, refletir, transformar, recomeçar um processo educativo refletido em pequenas e grandes ações favoráveis à saúde socioambiental”, pontua a geógrafa.

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