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Cariri avança em políticas voltadas para travestis e transexuais
Na última semana, um workshop debateu empregabilidade de pessoas trans na região do Cariri
Foto: Divulgação
Joaquim Júnior
08/02/22 10:30

No último ano, o Brasil registrou o assassinato de 140 pessoas trans, mantendo o país, pelo 13º ano consecutivo, como aquele em que mais pessoas trans foram assassinadas no mundo. No Cariri, para exigir direitos e garantias fundamentais de transexuais e travestis, entidades se mobilizam, junto aos poderes público e privado, para mudar esta realidade. Ao longo dos anos, as políticas públicas caririenses voltadas à população de transexuais e travestis tiveram avanços significativos. A região agora participa do movimento dos 20 Dias de Ativismo pela Visibilidade Trans, em alusão ao Dia Nacional da Visibilidade Trans e ao Dia Estadual de Combate à Transfobia, celebrados em 29 de janeiro e 15 de fevereiro, respectivamente.

À frente do projeto, está a Secretaria da Proteção Social, Justiça, Cidadania, Mulheres e Direitos Humanos (SPS). O coordenador Especial de Políticas Públicas para LGBT, Narciso Júnior, destaca que a programação é uma forma de dar visibilidade às causas de mulheres e homens transexuais e travestis. Entre as ações realizadas, está o Workshop Estadual de Empregabilidade Trans da Região Cariri, que discutiu estratégias de inclusão e permanência desta população no mercado de trabalho formal, reunindo setores da sociedade civil, do poder público e empresariado.

Brendha Vlasack, primeira mulher trans a se formar em Assistência Social no Cariri, enfatiza que a falta de oportunidades, em que muitas pessoas trans e travestis são expulsas de casa, dificulta que elas concluam os estudos e tenham oportunidades no mercado de trabalho. Encontrando as portas fechadas, muitas são direcionadas à prostituição e a empregos informais para que sobrevivam. No Crajubar, núcleos existentes nos municípios atuam para que essa população encontre melhores condições para o trabalho.

Em Juazeiro, Brendha é atual gerente do Núcleo de Diversidade e Gênero da Prefeitura Municipal e cita a criação da Associação Beneficente Madre Maria Villac (Abemavi) como uma das pioneiras na construção da rede. Através dela, um projeto de lei, após ser levado à Câmara de Vereadores pela então vereadora Auricélia Bezerra, resultou na instituição do Conselho LGBT no Município, sendo o primeiro do Estado. Brendha foi a primeira presidenta. No Município, a posterior criação do Núcleo de Diversidade de Gênero teve como intuito desenvolver e construir uma cultura de respeito para com essa população.

A Abemavi, junto à Caririense de Luta contra a AIDS, lançou a Casa da Diversidade Cristiane Lima, voltada especificamente para a população LGBTQIA+, com atendimentos gratuitos, desde acolhimento social ao trabalho de prevenção e assistência em outros serviços. Também são avanços que merecem destaque a Lei Cristiane Lima, que trata da empregabilidade trans, e a Lei 5.065, sancionada em abril de 2020, que dispõe sobre o uso de nome social e o reconhecimento da identidade de gênero de travestis, mulheres transexuais e homens trans em órgãos da administração pública municipal. Equipamentos de saúde, escolas e todos os ambientes devem respeitar essas pessoas, que muitas vezes são negligenciadas em relação ao nome social.

Em nível regional, há entidades como a Acedi, a Associação Mais Diversidade e Núcleos de Mulheres e de Direitos Humanos. Para fortalecer a rede, o movimento cobra a instalação de serviços como o Creas específico para a população LGBTQIA+, que foi sancionado na gestão passada, como também um ambulatório para pessoas trans. “Nós não queremos privilégio. Nós queremos apenas ter o direito de estudar, trabalhar”, menciona Brendha, ao falar sobre terem o direito ao lazer, sem ter a preocupação de sofrer alguma violência ou ter a vida interrompida.

“Para isso, é necessário que autoridades, gestores e sociedade como um todo possam nos ver como pessoas normais. Que nós podemos ser quem somos, através da nossa identidade de gênero, que não é uma escolha, é uma percepção, um pensamento, um sentir, é algo de dentro para fora. Que possam compreender, conhecer para respeitar. Nós não precisamos que a sociedade aceite. Nós só precisamos que a sociedade respeite. Nós queremos respeito, igualdade e direitos iguais, porque nós podemos amar quem quisermos e sermos quem somos”, conclui Brendha.

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