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Trabalhador não tem ganho real com o novo salário mínimo
Os mais afetados pela inflação foram às famílias de baixa renda
Foto: Brenda Rocha /Pixabay
GENEUZA MUNIZ
11/01/22 13:00

O valor do novo salário mínimo já está definido no valor de R$ 1.212,00. A informação foi publicada em diário oficial, no dia 31 de dezembro de 2021. Apesar do reajuste de R$ 112, os trabalhadores caririenses não terão ganho real, apenas uma recomposição da inflação. O Estado do Ceará segue o piso determinado pelo Governo Federal. Apenas cinco estados têm seus próprios pisos: São Paulo, Rio de Janeiro, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul
Segundo o professor e coordenador do curso de Economia da Universidade Regional do Cariri (Urca), Áydano Ribeiro, a recomposição anual do salário mínimo é baseada no comportamento da taxa de inflação do ano anterior. “Por exemplo, o reajuste atual foi feito com base no índice chamado INPC (Índice Nacional de preços ao consumidor), então o reajuste foi de R$ 10,02 de janeiro a novembro, mais a inflação prevista para o mês de dezembro”. O docente explica que só haveria um ganho real se o reajuste fosse acima da inflação, o que não ocorreu.
Assim como nas demais regiões do país, no Cariri, os mais afetados pela inflação foram às famílias de baixa renda. O professor pontua que a inflação atinge de forma diferente famílias pobres e ricas. “Famílias pobres gastam mais com produtos de primeira necessidade. Então, essa inflação de 2021 afetou mais as famílias de baixa renda”, destacando que o que mais pesou no bolso das famílias foram os produtos alimentícios.
Para cobrir todos os custos que uma família necessita, tais como aluguel, água, energia, internet, alimentação, transporte, vestimentas e material escolar, o valor do salário é insuficiente. “O salário ideal para uma família de quatro indivíduos deveria ser acima de R$ 5 mil, conforme o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (DIEESE)”, avalia o professor.
Algo bastante popular é a narrativa de que se o salário aumentou, consequentemente, tudo irá aumentar. Mas, o economista explica que não funciona assim. “O preço dos produtos aumenta se há excesso de demanda ou escassez de oferta. Na pandemia, houve aumento porque houve uma queda abrupta na produção”.
Sobre as expectativas para esse ano, “espera-se que a inflação continue aumentando, porém numa velocidade menor. A taxa de juros está aumentando. A expectativa nossa é que seja um ano muito difícil, pois a economia vai crescer pouco, consequentemente, a taxa de desemprego pode afetar o mercado de trabalho”, conclui o especialista.

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