Com  novas denúncias, a Câmara Municipal de Juazeiro do Norte voltou a questionar a gestão do Instituto Diva Alves do Brasil (Idab). A Organização Social (OS) é responsável pela administração do Hospital e Maternidade São Lucas (HMSL) e da Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do Limoeiro. Entre as denúncias apresentadas pelo vereador Pedro Januário, conhecido como Janú (Republicanos), destaca-se o superfaturamento no contrato de locação de duas ambulâncias, já que os valores subiram de R$ 5 mil (pago pela OS que geria anteriormente), em cada veículo, para R$ 18 mil (HMSL) e R$ 22 mil (UPA), totalizando R$ 40 mil no aluguel das duas ambulâncias atualmente. No total, na gestão da Idab, houve um aumento de 300% sobre o valor do antigo contrato.

Janu denunciou, ainda, que apesar de ser duas ambulâncias contratadas, a prestação de serviço é executada efetivamente por apenas um veículo. Também foram denunciados, pagamentos que chegam a R$ 8 mil pelo serviço por aplicativo Uber, de forma injustificada, além de depósitos não comprovados em notas fiscais e contratação de uma médica com “salário exorbitante”, para desempenho de três funções simultaneamente. Janu apresentou documentos que respaldam as denúncias feitas na sessão da última quinta-feira (02).

“O que esse Uber está fazendo nas unidades hospitalares? Eu queria entender isso. Esse Uber ninguém sabe para que é. Não tem nenhuma justificativa, simplesmente estão pagando”, questiona Janú. Sobre as ambulâncias, o parlamentar apresentou documentos que comprovam pagamentos de R$ 18 mil e R$ 22 mil para a contratação de duas ambulâncias. “O mais interessante é que só é uma ambulância. Não existem duas ambulâncias. É só uma ganhando por duas, ganhando R$ 40 mil”. O parlamentar ainda comparou o valor pago pelo aluguel das ambulâncias à compra de um veículo semelhante. “Se for comprar um carro desse aí, ele é avaliado na casa dos R$ 40 mil. Ou seja, está pagando um carro desse aí todo mês”.

As denúncias apresentadas movimentaram vereadores de oposição, mas também de situação. Rafael Cearense (Podemos), líder do prefeito Glêdson Bezerra na Câmara e presidente da Comissão de Saúde, convocou vereadores para uma fiscalização in loco. Ele também pediu celeridade na contratação de outra Organização Social para administrar o hospital e a UPA no lugar do Idab. “Se tiver alguma irregularidade, não tem esse negócio de passar a mão na cabeça, não. Quem tiver errado, que coma seus angu (sic.). Uma ambulância servindo para as duas unidades e recebendo duas vezes? Isso é inadmissível”, considerou o líder do prefeito.

De maneira ainda mais enfática, o vereador Márcio Jóias (PTB) afirmou que as denúncias são “caso de polícia” e sugeriu uma investigação e a apresentação dos resultados à Polícia Federal. “Como é que eles conseguem justificar duas ambulâncias, uma na UPA e uma no São Lucas, se só tem uma placa? Isso aí é caso de polícia. É dinheiro federal, então tem que ir para a Polícia Federal para ser investigado”, argumentou. Ivanildo Roseno (DC), por sua vez, declarou que a gestão municipal não dá ouvidos às fiscalizações feitas pelos vereadores. “É hora de fazermos uma fiscalização mais séria e mostrar para esse povo que não estamos brincando e, se for o caso, levar para a Polícia Federal e botar esse povo na cadeia. Estão se dando bem fazendo a coisa errada em Juazeiro e não estamos aqui para passar a mão na cabeça, não”, comentou. 

O vereador Janú enfatizou que as denúncias apresentadas na sessão passada são apenas uma parte das irregularidades encontradas. Ele ainda citou a existência de notas fiscais adulteradas, como uma de R$ 750 para comprovar um depósito de R$ 7.721 da Prefeitura para o Idab. Uma médica também receberia um “salário exorbitante” para desempenhar três funções simultaneamente em lugares diferentes. “Nas sessões seguintes, vou apresentar mais documentos para vocês verem o que essa OS veio fazer em Juazeiro do Norte. Tem coisas que era pra chegar lá e levar todo mundo preso. Eu disse desde o começo: é uma quadrilha montada na cidade de Juazeiro do Norte. Continuo a dizer e as provas estão vindo”, concluiu o vereador Janú.