Jornal do Cariri
Escolas devem implantar novo ensino médio em 2022
Alunos vão se deparar com novidades ao ingressarem no ensino médio a partir de 2022
Foto: Davi Pinheiro - Governo do Ceará
Robson Roque
16/11/21 14:00

Alunos que ingressarem no ensino médio a partir de 2022 vão enfrentar uma série de mudanças, como a ampliação da carga horária e alterações na estrutura curricular. Também precisarão escolher os chamados itinerários formativos, a principal novidade da nova legislação, aprovada em 2017, que deve ser colocada em prática pelas escolas a partir do próximo ano letivo. Na prática, os alunos terão 60% do currículo preenchido pela Base Nacional Comum Curricular (BNCC).

Já os 40% restantes serão escolhidos de acordo com a vontade dos estudantes, entre cinco áreas de estudo: linguagens, matemática, ciências da natureza, ciências humanas e formação técnica e profissional. O projeto prevê, ainda, que os alunos escolham a área na qual vão se aprofundar, já no primeiro ano do ensino médio, como é o caso da cratense Maria Eloá Mendes.

Aos 14 anos, ela se prepara para ingressar no ensino médio. O primeiro desafio será a mudança de escola, já que a atual não oferta esta fase. “Já tinha visto em jornais e redes sociais sobre as mudanças. Ainda não me decidi sobre a nova escola. Converso com meus pais sobre isso e vou escolher pelo histórico e conversando com pessoas de lá. Espero que seja uma fase de muita aprendizagem, porque, na minha opinião, é uma das fases mais importantes da escola, pois prepara para os vestibulares”, conta.

A série de alterações é classificada como “uma caixinha de surpresas” pelo professor Ivanildo Pinho. Ele mantém um curso preparatório para o Enem e vestibulares, e abrirá uma escola de ensino médio no próximo ano, em Juazeiro do Norte. Ivanildo ressalta que as mudanças ocorrem como resposta às necessidades da sociedade, sobretudo relacionadas ao modelo de ensino brasileiro. Entre os aspectos positivos, o professor indica que a nova formação contempla aprendizagens essenciais por meio dos chamados itinerários formativos.

Ele cita a disciplina que ministra, Biologia, como exemplo, para explicar a importância dos itinerários: “Se você perguntar para qualquer médico como é o ciclo de uma briófita, ele nem se lembrará do que é uma briófita. E passamos duas aulas falando em briófita para ele, porque cai no vestibular. Então, a gente enchia o aluno de conteúdos que não tinham relevância na vida dele”, conta. Além dos estudantes e das famílias, as mudanças também pegaram as escolas de surpresa, segundo o professor, pois precisarão se readaptar.

“As escolas foram pegas de surpresa. Elas falam de novo ensino médio, mas muitas vezes, elas não estão sabendo nem o que estão falando. E isso é muito preocupante. Elas terão que ter uma mudança muito grande. É fácil abrir um novo ensino médio começando do zero. Difícil é você pegar um barco que está andando e virar para uma direção contrária. É uma mudança muito drástica do fundamental para o médio. Você vem com um modelo no fundamental e vai para o [novo ensino] médio. Infelizmente, é um erro”, argumenta Ivanildo Pinho.

Outra crítica feita pelo professor Ivanildo Pinho reside no fato de a mudança não ser promovida para outras etapas da formação escolar, como o ensino fundamental e a universidade. Assim, ele classifica a mudança como “de cima para baixo”: “E aí vem um grande gargalo que precisamos resolver. Deveria ter começado da universidade e não do ensino médio. As universidades permanecem com o mesmo modelo”, conclui.

O novo ensino médio também inclui a formação técnica e profissional com o aprofundamento de conhecimentos em determinada área visando o ingresso no mercado de trabalho. Escolas estaduais A Secretaria de Educação do Ceará (Seduc) informou ao Jornal do Cariri ter enviado um documento circular, detalhando as alterações e orientando. Segundo a pasta, as ações desenvolvidas, há alguns anos, nas escolas estaduais facilitam a adoção do novo ensino médio no Estado.

“A Seduc já vem desenvolvendo, nas escolas estaduais, a oferta de uma aprendizagem com diversas oportunidades nas áreas do conhecimento e na formação profissional, com ampliação de carga horária, preparação dos jovens para o mundo do trabalho, além de três componentes curriculares: projeto de vida, formação para a cidadania e o Núcleo de Trabalho, Pesquisa e Práticas Sociais. Todas convergem com as orientações do Novo Ensino Médio”, diz a Seduc em nota.

Na região do Cariri existem 33 escolas funcionando em tempo integral, oito das quais tiveram a carga ampliada em 2021, passando para esta modalidade de carga horária. “Cada escola oferta uma jornada de nove horas, garantindo três refeições diárias. O currículo é composto por 30 horas semanais de disciplinas da base comum a todos e 15 horas na parte flexível, sendo que 10 são escolhidas pelos alunos”, detalha a pasta.

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