Professores criam Clube do Livro para driblar impactos da pandemia
Clube conta 60 estudantes da faixa etária entre 14 e 18 anos, todos do Ensino Médio.
Foto: Divulgação
Luan Moura
06/07/21 16:57

Com a chegada da pandemia e a adaptação do espaço da sala de aula para as telas virtuais, em março de 2020, quatro professores da Escola de Ensino Médio Campos Sales, do município de mesmo nome, idealizaram o projeto Clube do Livro. A iniciativa começou com poucos alunos convidados, que discutiam literatura em um grupo do WhatsApp, mas ganhou mais adeptos da leitura e, hoje, conta com 60 estudantes da faixa etária entre 14 e 18 anos, todos do Ensino Médio.

O clube é coordenado pelos professores Henrique Silva, Auberilândia Lima, Flávio Júnio e José Roberto. O grupo se encontra mensalmente de forma virtual. Os integrantes têm o prazo de dois meses para finalizar a leitura da obra escolhida. Após a leitura, é realizada a discussão ou a ação social, que pode ser vídeos, recitais ou tributos a algum autor ou personalidade. Entre as principais ações desenvolvidas pelo grupo, estão o aniversário de Machado de Assis, no mês de junho, em que foi falado sobre as principais produções do autor.

Também foi realizado um tributo a Luiz Gonzaga, reunindo a vida e obra do Rei do Baião. A ação, intitulada “Leia para uma criança”, que buscou incentivar pais e irmãos mais velhos a lerem para as crianças, e o “Fazer o bem sem olhar a quem”, ação onde os integrantes escreveram cartas para idosos isolados durante a pandemia, foram algumas das mais importantes do grupo.

Hoje o Clube recebe incentivo do Governo Federal, através do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), de R$ 5.400,00, que deve ser revertido em quatro bolsas no valor de R$ 100,00 durante um ano. É a primeira vez, em âmbito escolar, que o Município foi contemplado pelo fomento do CNPq. Para o professor de História, Henrique Silva, que também coordena o Clube, o projeto é uma importante ferramenta para possibilitar caminhos para os jovens. “Preparamos os jovens para a cidadania e o mercado de trabalho. Nesse tempo pandêmico, a gente vem reerguendo esses jovens e mostrando que a educação é possível”, afirma Henrique, que também destaca os impactos positivos do projeto. “Boa parte desses alunos é da zona rural. Todos os alunos do 3º ano que estavam no projeto, do ano passado, foram aprovados no Enem ou em vestibular”, completa.

A aluna Hellen Carvalho, de 15 anos, classifica o projeto como de grande importância para sua vida enquanto estudante. “Eu estou tendo a oportunidade de me expressar, falar um pouco sobre minhas experiências e escrever. Nele, eu também tenho um contato maior com outras leituras, que antes eu não tinha. No clube do livro também a gente tem a oportunidade de interagir com outras pessoas”, relata. Hellen observa, ainda, uma mudança positiva na notas e no aprendizado na escola. “Durante as aulas eu estou conseguindo me desenvolver melhor como aluna e aprender bastante os conteúdos, que antes eu tinha dificuldades”, conclui.

Documentário 

Com o sucesso, cinco pessoas do Clube participaram do documentário “Narrativas nordestinas sobre as vivências educacionais durante a pandemia”, que retrata experiências exitosas sobre ações transformadoras educacionais na pandemia. A produção é de estudantes da Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf). No vídeo, os membros relatam as experiências na área da educação e no clube, assim como a relação com a escola e os professores.

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