Banda Sol na Macambira apresenta novo projeto com músicas autorais
Foto: Pâmela Queiroz
Joaquim Júnior
22/06/21 11:00

Com composições autorais criadas a partir de vivências cotidianas nos movimentos sociais, culturais, salas de aula e terreiros, além de narrativas construídas ao longo de 16 anos de jornada, a banda Sol na Macambira acaba de lançar o “Trovador do Tempo”, primeiro álbum em estúdio. O projeto é acompanhado por lançamentos de clipes, no canal no YouTube. Em meio a elementos do cabaçal e rock and roll, o projeto apresenta músicas autorais que convidam o ouvinte a acompanhar das tradições às memórias caririenses. Entre poesias, as músicas cantam do passar do tempo à alegria dos brincantes, assim como relembram religiosidade, tradições e fatos históricos.

A banda nasceu a partir de um ciclo de vivências em educação musical, no Lar Assistencial Francisco de Assis, em Juazeiro do Norte, ainda em 2005. Como cita Jéssika Cariri, integrante da Sol na Macambira, a proposta inicial de formar uma banda cabaçal ganhou corpo após os integrantes se aprofundarem no estudo, experimentação e criação musical. Foi quando a banda desenvolveu sonoridade própria. A vivência nos terreiros e grupos populares, como a Orquestra Armorial do Cariri, reisados, maracatus e grupos de coco, contribuiu para a familiarização com a musicalidade popular.

Em seu trabalho, a banda utiliza instrumentos artesanais, dos quais alguns são confeccionados pelos próprios integrantes, como xequerês, zabumbas, alfaias, pífanos e efeitos. A elaboração do show “Trovador do Tempo” foi iniciada no ano de 2019, mas, devido à pandemia de covid-19, houve o impedimento de circuito pelo Nordeste. Em meio ao período de adaptação, Jéssika diz ter proposto a criação do disco, logo aceita pelo grupo por se tratar de um sonho antigo. Em seguida, a Sol na Macambira foi aprovada em edital estadual da Lei Aldir Blanc. Por meio das redes sociais, os projetos foram compartilhados. “Para o futuro, acima de tudo, desejamos voltar às ruas, penso em investirmos na circulação pelo Nordeste e continuar essa produção musical e audiovisual, que tem sido uma experiência tão forte para a gente. Creio que, até o fim do ano, ainda venham algumas novidades”, adianta Jéssika.

Sobre a escolha do nome do grupo, Jean Alex, que também compõe a banda, explica que a macambira é uma planta típica da caatinga, utilizada na alimentação de animais no período de estiagem. “Então, para a gente, ela representa a resistência, a capacidade de manter-se vivo, florir mesmo em tempos de adversidade”, conta, ao destacar que o nome da banda tem esse sentido de ser arte viva com capacidade de afetar as pessoas e fazer conexões. “Quando fazemos shows, geralmente formamos rodas de ciranda, de coco e batuque em interação com o público. Essa energia está presente e acaba transmitindo essa ideia de roda viva, de comunhão, partilha e movimento”, completa.

Em meio a outros elementos, Jean destaca que as músicas da banda cantam a floresta, as romarias, o Caldeirão, Nzinga e Nagô, a Beata Maria de Araújo, a revolução, o cangaço, a chuva, os terreiros, a vida. Na proposta de simbiose entre o cabaçal e o rock and roll, acontece o diálogo entre rabeca e guitarra, zabumba, alfaia e bateria, pífanos e sax. “O álbum ‘Trovador do Tempo’ traz essa narrativa dos encontros, dos sujeitos, histórias e sentimentos que permeiam a história da banda e nosso fazer na cena cultural do Cariri. Tem sua construção muito afinada com a nossa prática enquanto coletividade e movimentos sociais. É um disco que convida ao sentimento, reflexão e a ação”, apresenta Jean, que diz ser desejo de todos lançar o CD físico e, ainda, produzir o vinil.

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