Parecer do MPF defende cassação de Glêdson Bezerra
Procuradora que assina parecer devia ter se julgado suspeita
Foto: Redes sociais
Robson Roque
22/06/21 15:30

Um parecer do Ministério Público Federal (MPF), divulgado na quinta-feira (17), defende a cassação dos diplomas de Glêdson Bezerra (Podemos) e Giovanni Sampaio (PSD), prefeito e vice-prefeito de Juazeiro do Norte, além de deixar os dois políticos inelegíveis por oito anos. O documento é assinado pela procuradora regional eleitoral Lívia Maria de Sousa. Em 2019, grampos da Polícia Federal, no curso da operação Voto Livre, identificaram conversas entre a procuradora e Pedro Bezerra, filho do prefeito Arnon Bezerra.

No parecer do MPF contra a candidatura de Glêdson Bezerra, datado de 17 de junho de 2021, assinado por Lívia Sousa, o órgão menciona que a chapa vitoriosa nas eleições de 2020, em Juazeiro do Norte, teria sido beneficiada pela prática de abuso de poderes político e econômico durante ato de campanha. Segundo as investigações, Glêdson e Giovanni não prestaram contas de despesas estimadas em R$ 48 mil, oriundas do uso de um helicóptero em ato denominado “Mega Carreata”, com duração de quatro horas.

O helicóptero, apontado como pertencente ao empresário Gilmar Bender, que foi impedido de concorrer e se aliou a Glêdson, teria sido utilizado às vésperas da eleição para jogar panfletos de campanha dos candidatos vitoriosos nas ruas de Juazeiro. O panfleto tinha informações, frisadas como inverídicas no parecer, de que a chapa estaria “liberada” para concorrer quando, na verdade, ainda tinha o registro como indeferido pela Justiça Eleitoral.

A procuradora Lívia Maria de Souza, que assina o parecer favorável à cassação de Glêdson e Giovanni, teve diálogos de WhatsApp grampeados, pela Polícia Federal, com o então empresário Pedro Bezerra (atual deputado federal), filho do ex-prefeito de Juazeiro, Arnon Bezerra (PTB). Os detalhes foram apresentados pelo Jornal do Cariri, na edição de 20 de agosto de 2019: “O teor dos documentos publicados pelo Jornal do Cariri nesta edição revela a influência e o poder de Pedro Bezerra na articulação das decisões dentro do Ministério Público Federal no Cariri”, segundo afirma a matéria do JC.

Contra candidaturas

“A divulgação de uma informação inverídica quanto ao julgamento pela Justiça Eleitoral do processo de registro de candidatura de Gledson e Giovanni teve potencialidade de influir no pleito, já que a população foi, de modo sorrateiro, no dia anterior à votação, levada a crer que os candidatos recorrentes estavam com ‘candidatura liberada’. O peso dessa desinformação era tanto para o sucesso nas urnas que os recorrentes arriscaram até mesmo a aprovação de sua prestação de contas ou ainda representações por propaganda irregular ou por abuso de poder”, defende o relatório do MP Eleitoral.

A investigação eleitoral instaurada contra a denúncia de abuso de poderes político e econômico apontou que as doações de campanha feitas por Gilmar Bender, dono do helicóptero, a Glêdson e Giovanni, totalizando R$ 255 mil, representaram mais de 90% de valores doados por pessoas físicas aos candidatos. Entre as doações feitas por Bender estão R$ 22,6 mil para distribuição de combustíveis a apoiadores que não teriam sido declarados na prestação de contas. “Assim, além de ser o doador majoritário da campanha em questão, o empresário ainda promoveu outros gastos não computados em valor de, pelo menos, R$ 70,6 mil”, diz a procuradora eleitoral

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