Segunda onda ataca jovens e muda prevenção e tratamento
Jovens são os mais afetados na segunda onda da pandemia
Foto: Carlos Jibaja
Robson Roque
16/03/21 8:00

Nos primeiros meses da pandemia no Cariri, no segundo trimestre de 2020, o novo coronavírus tinha as pessoas acima de 60 anos como o grupo mais vulnerável à covid-19. Agora, na segunda onda da pandemia, as pessoas jovens, com idade entre 15 a 49 anos, são os principais acometidos. A explicação pode ser dada pela evolução do vírus, ainda mais agressivo e transmissível do que antes, sobretudo em se tratando de novas variantes. No Cariri, já são pelo menos sete casos notificados da variante P1 (a mesma de Manaus) em Brejo Santo, Crato e Juazeiro do Norte. 

Dos 9.392 casos registrados nas 29 cidades caririenses de primeiro de janeiro até o fechamento desta matéria, na segunda-feira (15), 66,19% são de pessoas jovens na faixa etária de 15 a 49 anos, num total de 6.217 infectados. Pessoas com idade acima de 50 anos perfazem 27,05% (2.541 casos), ou seja, menos da metade do percentual de jovens acometidos pela covid-19. Crianças e adolescentes, de zero a 14 anos, somam 6,75% (634 registros) do total de infectados. Contudo, os idosos são as principais vítimas da covid-19 quando se trata de óbitos em decorrência da doença.  

Das 195 mortes registradas no período analisado, 90,32% ou 196 óbitos são  de pessoas com 50 anos ou mais. As mulheres estão no topo das ocorrências: 137 morreram em comparação com 80 homens. Os registros somam 16 óbitos (7,37%) de pessoas jovens - entre 15 e 49 anos - e cinco óbitos (2,30%) de crianças e adolescentes até 14 anos. O médico infectologista Marcos Cyrillo explica que o comportamento da população, de modo especial os mais jovens, contribui não somente para o aumento de casos entre pessoas mais jovens, como para a proliferação do coronavírus nesta segunda onda da pandemia. 

“Podemos ver que o comportamento da população, principalmente os mais jovens, está sendo mais liberal. Estão usando menos máscaras, provavelmente higienizam menos as mãos, não ficam em casa se estão doentes, procuram menos atendimento médico. Então, isso faz com que essa população jovem, os adultos jovens, tenha mais chance de contrair a doença”, esclarece o médico.  

O especialista também explica que as variantes têm o poder de tornar o coronavírus ainda mais forte e, em muitos dos casos, mais letal. “Elas têm um poder maior de infectar as pessoas, de causar quadros clínicos mais longos e de serem transmitidas de uma forma mais frequente. Então, se eu pegar as pessoas que estão tendo comportamentos mais liberais, isso vai facilitar, certamente, o maior aumento nesses números de quadros clínicos”, conclui. 

Tratamento 

As novas variantes alteraram a forma como as pessoas acometidas pela covid-19 são tratadas. No caso dos mais jovens, o tratamento com uso de respiradores foi alterado para a adoção dos cilindros de oxigênio. "Os pacientes mais jovens ainda têm uma reserva funcional, não evoluem para insuficiência respiratória que precisa de ventilação mecânica, mas têm alta demanda por oxigênio. É um tratamento sem o aparelho respirador, mas que precisa de oxigênio", afirma Rodrigo Molina, médico consultor da Sociedade Brasileira de Infectologia.

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