Darlan e Vieira Neto se defendem de acusações
Darlan é suspeito de envolvimento em esquema para cassar Glêdson Bezerra
Robson Roque
09/03/21 15:26

A prisão do policial militar reformado João Paulo Teixeira Ramos, ocorrida semana passada, tem desencadeado uma série de acontecimentos e agravado ainda mais a relação entre Câmara Municipal e Prefeitura de Juazeiro do Norte.

Ele foi preso após denúncia do vereador Márcio Jóias (PTB), que diz ter sido vítima de extorsão. Segundo o parlamentar, João Paulo havia pedido R$ 12 mil para não entrar com um processo pedindo a cassação do mandato dele de vereador. No ato da prisão, foram encontrados R$ 7 mil com João Paulo. O dinheiro seria produto de chantagens contra o vereador.

Em depoimento, o ex-PM revelou ter agido a mando de presidente e vice da Câmara Municipal, Darlan Lobo e Vieira Neto. Por isso, teria recebido R$ 20 mil deles para fazer a denúncia que resultou na abertura de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) contra Glêdson. E caso o prefeito fosse afastado, receberia mais R$ 200 mil.

A CPI foi suspensa por determinação da 3ª Vara Cível de Juazeiro do Norte e João Paulo teve a prisão temporária convertida em preventiva. Além disso, a juíza Maria Lícia Vieira determinou a quebra de sigilo telefônico, a partir de dois celulares apreendidos durante a prisão e que serão periciados.

Como estratégia de defesa, Darlan Lobo e Vieira Neto comandaram um levante contra a imprensa nas sessões da última semana, apresentando imagens de perfis em redes sociais e criticando comunicadores, sem citar nomes. “Porque quando atinge a Câmara de uma forma, às vezes leviana, atinge a todos”, argumentou Darlan, conclamando os demais vereadores para agirem em sua causa.

A iniciativa surtiu efeito. Márcio Jóias saiu em defesa do presidente e vice, os mesmos com quem travou embates dias atrás, ameaçando entrar na Justiça para barrar a CPI contra Glêdson Bezerra. “Tudo começou porque eu fiz o pedido de nulidade do processo”, diz Márcio Jóias, explicando que a denúncia que fundamentou a CPI contra Glêdson partiu de João Paulo. “Eu não tinha outra saída. Eu não podia me render. Eu não vou pagar pelo que eu não fiz. Eu posso ser punido, pode acontecer o que for, mas se eu errar”, acrescenta o vereador.

O presidente da Câmara, Darlan Lobo, disse que não comentaria a denúncia de que ele e Vieira Neto teriam financiado as queixas do policial reformado que resultaram na CPI contra Glêdson. “Eu não vou me retratar. Vou deixar que a Justiça conduza da melhor maneira possível, apurando todos os fatos”, disse. Darlan, no entanto, comentou que a relação quase insustentável entre Prefeitura e Câmara de Vereadores foi provocada por integrantes do alto escalão do governo Glêdson, como secretários, subsecretários e outros servidores em cargos comissionados. “Não existe grupo de Darlan. Não existe isso. Agora, existem todos os vereadores criticados pela própria gestão bancada com dinheiro do governo”.

Vieira Neto, contudo, foi mais enfático ao se defender. “Não irei deixar essas notícias saírem sem me pronunciar, porque quem cala, consente. Disse, ainda, não ter qualquer relação com o ex-policial, negando contatos pessoais ou telefônicos. “Mesmo que tivesse, o senhor João Paulo falando alguma coisa minha ou de qualquer vereador ainda precisava ser apurado, porque quem tem boca diz o que quer, da forma que quer. Agora, se tiver um áudio meu dizendo qualquer coisa nesse sentido, aí eu tenho que me calar e responder pelos meus atos. Mas não tem. Não é do meu feitio tramar qualquer situação para afastar qualquer colega ou prefeito municipal”, aludiu Vieira Neto.

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